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Porque uma privatização completa da educação não acabaria com os colégios públicos

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SaoBento

Ivo Paulo S. Lima Jr*

As pessoas sempre apresentam certa repulsa quando apresentadas pela primeira vez à ideia da completa privatização da educação, ainda que acompanhada de um sistema de vouchers. Pois bem, eu defendo essa ideia.

Recentemente, em uma conversa informal com amigos da época em que estudava no colégio militar, apresentei esse meu ponto de vista – que foi prontamente desprezado. “Você sabe que o CM (colégio militar) é público, né? Tá maluco de privatizar aquilo lá?!”.

Oras, quem me conhece sabe o quanto defendo colégios militares, e me parece meio óbvio que, ainda que o Governo não oferecesse a educação através do nosso típico método de produção socialista nesse setor, os colégios militares não deixariam de existir. Isso aconteceria pelo mesmo motivo que os colégios religiosos, por exemplo, continuam por aí. O clero sempre foi símbolo da erudição e os colégios religiosos herdam parte dessa fama. O Colégio de São Bento (foto) é dos mais antigos e tradicionais do país, além de ser considerada a melhor escola do RJ. A quem interessa manter este colégio? À própria igreja. Pais estão dispostos a investir pesado nesse tipo de educação – não só pela consciência da qualidade do serviço oferecido como também pela oportunidade de ligar o nome do filho ao de uma instituição com tão boa reputação.

Raciocínios similares se desenvolveriam de diferentes maneiras. Aos militares, mais do que a ninguém, seria interessante manter os CMs. Toda vez que um aluno de CM fosse aprovado em Harvard (como vem acontecendo frequentemente nos últimos anos), os militares estariam aumentando o seu próprio status (que já é dos mais altos). Todo aluno que se formasse no CM teria, associada à sua formação no Ensino Médio em uma escola de qualidade acadêmica reconhecida, uma – simbólica – certificação de valores como meritocracia, hierarquia, respeito às normas, companheirismo, (…) – e isso, obviamente, seria valorizado por uma gama de empregadores. Os muitos pais que desejassem esse tipo de imagem/educação para os filhos, certamente concordariam em pagar bastante  pelo serviço. Os filhos de militares teriam, dessa maneira, acesso a uma educação de primeira qualidade a um preço relativamente baixo (estou supondo que o Exército criaria um fundo, por ele mesmo admnistrado e custeado, para manter os colégios militares. É possível no entanto que outras formas de perpetuação do sistema colégio militar fossem levadas a cabo – afinal de contas, a criatividade do mercado é infinitas vezes superior à minha ao satisfazer às necessidades das pessoas). A grande diferença desse sistema para o atual é que, neste, apenas os beneficiados/interessados arcariam com os custos da manutenção deste sistema de ensino, diferente do que acontece hoje, quando, independentemente da opinião individual sobre este tipo de educação, todos são obrigados a pagar a conta.

“Ah, mas e o Colégio Pedro II que, apesar de tradicionalíssimo, não iria possuir o respaldo de uma classe trabalhadora interessada em se beneficiar do status gerado pelo colégio?”  Oras, os próprios ex-alunos do colégio se encarregariam de mantê-lo funcionando (similarmente ao que acontece com as universidades americanas).

Enfim, não existe educação imparcial e, por este motivo, enquanto houver educação pública, haverá doutrinação pró-governo nas escolas. Justamente por isso é que é interessante que os pais possam decidir a que tipo de imparcialidade estarão sujeitos seus filhos. Um colégio religioso? Um militar? Um de esquerda? Um liberal? Um (autodeclaradamente) imparcial? Ninguém melhor que eu para decidir a que tipo de manipulação desejo me submeter.

*Ivo Paulo S. Lima Jr; Estudante de Economia da UFRJ

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Um comentário em “Porque uma privatização completa da educação não acabaria com os colégios públicos

  • Avatar
    28/05/2014 em 9:55 pm
    Permalink

    Como entendedor de educação você deve ser um ótimo economista… nada do que você expôs faz o menor sentido: não existe nada nem de longe minimamente de doutrinação pró-governo nas escolas públicas, fazer de um colégio público e militar “privado” não faz o menor sentido. Ninguém ,nem os supostos intelectuais acadêmicos, neste país tem cacife para falar da ecucação pública, a não ser quem trabalha ou trabalhou dentro dela. Agora esses pobres coitados insistem na sofrida e eterna luta por melhores salarios ao invés de se fazerem ser ouvidos numa sociedade que por si só nunca quis ouvi-los.

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