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Por que exportamos produtos primários?

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Todos, sem exceção, aprendemos na escola: “nós” vendemos matérias-primas e compramos produtos industrializados, “eles” vendem industrializados e compram matérias-primas. A lógica mercantilista, de comprar produtos baratos e vender caro para os países dominados continua. Seguimos meros mercado consumidor dos países já ricos. É quase como no futebol: vendemos um jogador ou dois para a Alemanha; quando vê, ela traz o time inteiro e nos vence no Mineirão. Será que essa história está bem contada?

Não, não está. Igualmente torto, porém, é dizer que “não somos um país industrial por que não queremos.” O Brasil e tantos outros – Argentina, Bolívia, Índia – sofrem de uma doença chamada “protecionismo”. Ah!, pensará alguém, lá vem aquele papo liberal sem fundamento! Ele não sabe que os países ricos são protecionistas! Verdade, mas vamos mais a fundo.

O comércio internacional vai bem além do óbvio; você sabia que o Brasil é um exportador de industrializados? “Mas e a soja, e o ferro, e a carne?” É, estão lá: são 49% da balança comercial. Sabia, também, que somos importadores de matéria-bruta? Carvão, petróleo, minérios; importamos mais produtos primários do que exportamos, diga-se de passagem. Temos a balança comercial correspondente à dos exploradores que aprendemos na escola! Mas calma, não vai dar pra mandar os filhos pra Disney e comprar uma casa em Punta del Este. O que comerciam os países ricos?

Eles exportam industrializados e importam… industrializados! Um exporta aço e importa carros; outro exporta carros e importa aço. E eles importam matérias-primas? Se não houver opção, importam. Imagine o quão mais caro é ter que trazer, digamos, ferro para fazer aço para, só então, fazer os carros! Mas não tem opção, afinal, nossos preços não são competitivos. É o protecionismo deles que acaba com a competitividade? Não, é o nosso!

Voltemos para a soja: por que não a beneficiamos? Você já se perguntou isso? Ah, nós não temos a tecnologia! É, não temos mesmo. Nem temos tecnologia para produzir iPhones, mas produziremos mesmo assim, não é verdade? Afinal de contas, nós importamos as máquinas; o empresário que faz óleo de soja na França não quer que você faça isso, mas o outro empresário, o esquecido que constrói a máquina que faz o óleo de soja, esse cara só quer que você compre a máquina. E não, eles não escondem essa tecnologia: um sexto das exportações americanas são maquinário, e isso é pouco perto das exportações francesas ou alemãs. Ah, nós não temos mão-de-obra especializada! De novo, não temos mesmo. E nem tinha a China há 15 anos. O que eles fazem? Importam máquinas e trazem técnicos estrangeiros, além de mandarem chineses para o Estados Unidos e para a Europa para aprenderem. Aliás, todos os Tigres Asiáticos fizeram isso – e é o que a Alemanha, a Itália e o Japão fizeram há 140 anos.

Ah, mas não é simples assim! É, leitor, não é mesmo. Protegemos, por exemplo, os poucos fabricantes de máquinas têxteis nacionais das máquinas chinesas e japonesas, “para proteger a indústria nacional”, e ainda protegemos quem usa essas máquinas da competição estrangeira. E o mais protegido é o consumidor. Nos protegem de roupas, calçados e eletrônicos baratos, por exemplo, fazendo com que paguemos um absurdo pelo que, no Exterior, é coisa de gente pobre. Isso mesmo: você que usa Gap, Nike, Diesel e Reebok se veste tão bem quanto um desempregado de Detroit. Parabéns! E não, não haveria a “falência da indústria nacional”: se você comprar seu Playstation 4 por mil reais, e não três, os outros dois que você deixou de gastar poderiam usados para comprar, por exemplo, CDs de sertanejo universitário. Pensando bem, melhor assim.

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Guilherme Dalla Costa

Guilherme Dalla Costa

Acadêmico de Ciências Econômicas pela UNIFRA (Centro Universitário Franciscano), Coordenador Estadual da Rede Estudantes Pela Liberdade (Rio Grande do Sul) e Conselheiro Executivo do Clube Farroupilha.

Um comentário em “Por que exportamos produtos primários?

  • Avatar
    13/07/2014 em 1:57 pm
    Permalink

    Concordo plenamente, e acrescento que o custo para quem produzir, tanto na indústria quanto na produção primária é elevado. O próprio governo se contradiz adotando o protecionismo e cobrando altos impostos sem oferecer retorno significativo, além de burocratizar o processo produtivo, desestimulando quem deseja produzir.

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