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UNES – União Nacional dos Estudantes Soviéticos

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É impressionante como as pessoas conseguem suprimir em suas consciências os fatos mais óbvios e repugnantes. É fato que a Venezuela é uma ditadura e que seu ditador é sanguinário; em números oficiais, estima-se que a Venezuela tenha executado extrajudicialmente mais de 6,8 mil pessoas nos últimos 4 anos. O número é muito maior, sabe-se disso, pois, nem todas as mortes extrajudiciais são computadas e o sistema de inteligência bolivariana encobre muitos rastros do ditador. Defender Nicolás Maduro, assim como a sua ditadura, se tornou papel de autoritários e de loucos; queremos acreditar que ninguém em sã consciência aplaude ou defende um regime que mata com força letal um povo desarmado que está em estado de calamidade humana.

Todavia, acreditem se quiser, a UNE (União Nacional dos Estudantes) consegue defender Nicolás Maduro, gritar constantemente contra uma eterna interferência americana nas coisas nacionais, e, é claro, bradar que “Lula é inocente e Moro é bandido”;  mesmo contra todas as provas, indícios e evidências dantescas que contrariam tais teses. Em seu 57º congresso, realizado entre os dias 10 e 14 desse mês, em Brasília, o espetáculo de horrores teve seu picadeiro lotado. Entre os convidados o que mais se destacou foi o Verdevaldo (vulgo: Glenn Greenwald), o “jornalista” dos escândalos vazios e de amigos suspeitos.

Todavia, o que quero destacar aqui é a verdadeira sandice das defesas institucionais da UNE e, em consequência, as suas crenças políticas e éticas reveladas nesse 57º congresso. Em suma, o que foi defendido:

  • Maduro precisa ser protegido das investiduras antidemocráticas do imperialismo norte-americano, assim como a democracia bolivariana precisa ser refirmada e também defendida dos inimigos neocapitalistas;
  • Bolsonaro é fascista, e da mesma maneira que a UNE já enfrentou a Ditadura Militar, ela também enfrentará o fascismo de Bolsonaro e o derrubará;
  • A reforma da previdência é, na verdade, um plano neocapitalista para atacar e demolir os direitos dos trabalhadores brasileiros ― não tem absolutamente nada a ver com matemática, se trata de política;
  • Sérgio Moro é claramente criminoso e, em conluio com Deltan Dallagnol, injustamente prendeu Lula;
  • Lula é inocente e deve ser solto já!

Podemos então dizer duas coisas: 1- a UNE é abertamente comunista, de maneira declarada e não mais disfarçada. Ela oficialmente possui uma ideologia e é deliberadamente setorizada. 2- Na patota dos “estudantes” comunistas não há espaço algum para o contraditório, suas pautas são extremistas, autoritárias e fechadas, a democracia é tão somente um recurso retórico que pouca efetividade traz às suas ações e pensamentos. 

Ao mesmo tempo que se glorificam por ter combatido a Ditadura Militar, suportam e defendem a ditadura bolivariana; mostrando, desta maneira, que o problema não é a ditadura em si, mas somente em qual espectro político ela ocorre. Tal mentalidade foi identificada pelo filósofo político romeno Vladimir Tismăneanu na sua obra: Do cumunismo. O filósofo descreve o fascismo e o comunismo como sendo “irmãos totalitários”, isto é: conceitos que são filhos do mesmo demiurgo político: a mentalidade totalitária. Para os comunistas da UNE a ditadura nunca será um real problema, basta que ela se identifique com as suas pautas ideológicas. Ou seja, para os camaradas o problema não é o totalitarismo em si mesmo, mas o totalitarismo que não está no seu time

Se a ditadura for de esquerda, não só a UNE não “será resistência”, como será suporte. Tal espírito de porco na política foi vista de maneira clara na União Soviética, que denunciava os nazistas, mas que mantinha seus próprios gulags e matanças particulares. Acuse-os do que você faz, chame-os do que você é; assustadoramente a UNE mantém o mesmo modus operandi.

Estudantes militantes e, grande parte, extremistas apartados da realidade; homens e mulheres que cultivam seus mundos particulares afastados da mais rasteira obviedade dos fatos. Montam suas narrativas com uma fina crosta de “democracia” e pedantismo populista, para depois revelar seu fétido recheio de tirania; aplaudem ditadores e defendem ditaduras, para no entardecer demagogicamente falar em nome da democracia; vendem o comunismo ― a verdadeira cicuta social da modernidade ― dizendo ser o remédio para o autoritarismo; apoiam ditadores para depois chorar ditaduras…

Se querem meu conselho, apesar do gosto de vômito que vem a boca ao tratar desses temas: deixem a UNE sucumbir por overdose ideológica, por sua própria estupidez política; nada deve ser feito contra ela no âmbito social, nada de censura. Deixem que vivam, deixem que falem, deixem que gritem, o melhor argumento contra a UNE é a UNE existir. 

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Pedro Henrique Alves

Pedro Henrique Alves

Filósofo, colunista do Instituto Liberal, ensaísta do Jornal Gazeta do Povo e editor na LVM Editora.

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