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Presunção de coisa nenhuma: o que temos sobre Maduro são certezas

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Ao contrário do que afirma o presidente Lula, uma ditadura que persegue opositores está instalada na Venezuela, escreve Lucas Berlanza.

Todo presidente da República, sem qualquer exceção, deve ser seriamente cobrado pelo que diz e faz, nunca tratado como uma criança ingênua ou como um enxadrista que faz papel de bobo para depois surpreender com uma estratégia genial para o sucesso (que jamais aparece). Ele sempre será um adulto que foi escolhido pela maior parte da população para, entre outras funções, representar o país perante a comunidade internacional.

É um dado cada vez mais largamente reconhecido que o mundo experimenta um novo momento de tensão, com as forças e pretensões de um “Ocidente democrático” cada vez menos capaz de cultivar suas melhores características, de um lado, e, de outro, forças e pretensões autoritárias que têm em Rússia e China focos de atenção. Essa difusa “Guerra Fria”, que tem no conflito ucraniano e na Faixa de Gaza pontos quentes, impõe e seguirá impondo desafios a todas as nações quanto à melhor maneira de se posicionarem, dosando prudentemente os imperativos do realismo e da dignidade.

O Brasil de Lula passa longe de alcançar esse equilíbrio. Alegando que sua intenção é ser um agente da paz e do respeito entre todos, Lula, na prática, se porta como um advogado das piores ditaduras do mundo.

Advoga para Putin, pedindo que não se tirem “conclusões precipitadas” sobre mais uma entre as sucessivas mortes dos opositores de seu governo em uma Rússia com forte tradição autocrática; advoga para os terroristas do Oriente Médio, particularmente para o Hamas, que inclusive o elogia por acusar Israel de nada menos que genocídio; advoga para as ditaduras latino-americanas, “patrocinadas” e chanceladas política e economicamente pelo ciclo de governo lulopetista e mantidas por parceiros de Lula no Foro de São Paulo.

Em vez de aceitar os mínimos ditames de decência e recolher-se à postura sóbria que o mandatário brasileiro deveria adotar, sem arriscar-se a aventuras desnecessárias e que não temos condições de enfrentar, mas, simultaneamente, sem enlamear-se no que há de pior na face da Terra, Lula insiste em “dobrar” sua aposta no pior. Ele agora finge acreditar que a política venezuelana María Corina Machado, declarada eleitoralmente inabilitada em seu país, está na mesma situação em que ele mesmo estava na penúltima eleição presidencial. Disse o presidente brasileiro: “Fui impedido de concorrer às eleições em 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei o outro candidato e ele disputou as eleições”. Além disso, quanto às “eleições” da Venezuela, Lula defende que Maduro seja tratado sob o princípio da “presunção de inocência”.

Podemos começar pelo fato de que é uma grande mentira que Lula não “ficou chorando”. Não apenas “chorou” como seu esperneio teve repercussão internacional, com direito a transformarem-no em um imaculado “preso político” que, ao retornar absurdamente ao poder, mais não faz que salivar com desejos de vingança contra os que o puniram em nome da vilipendiada lei brasileira.

María Corina Machado lidera a oposição a uma ditadura. Ela foi declarada inelegível por um tribunal subjugado pelo regime chavista hoje capitaneado por Nicolás Maduro, sem ter tido acesso às acusações nem direito a defesa. O partido de Lula havia governado o Brasil por mais de uma década quando seu nome esteve envolvido em escândalos monumentais de corrupção. Foi por isso que ele não concorreu à presidência em 2018.

Um governante com poderes discricionários, que convocou irregularmente uma Assembleia Nacional e se reelegeu sucessivamente sob condenações da comunidade internacional, forçando milhões a deixar seu país e mantendo presos políticos, torturados e assassinados, não pode ser objeto de nenhuma “presunção”. O que temos sobre Maduro são certezas — assim como temos certeza de que Lula não tem um pingo de caráter.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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