“Fake news” significa exatamente “notícias falsas” ou, sendo mais prolixo, descrições pervertidas, enviesadas, corrompidas, deturpadas, de fatos ou ideias. Fake news, sendo lacônico, é uma mentira.

Seria bom se fosse só isso, mas o próprio termo “fake news” pode ser usado de forma pervertida, enviesada, corrompida e deturpada em relação ao seu significado original, “falsa notícia”.

A expressão “fake news” foi dissociada do conceito, passando a significar outra coisa: um recurso retórico no qual quem a utiliza tenta se defender dos adversários e críticos, estejam eles acusando com base na verdade, inclusive com evidências materiais, ou em mentiras deslavadas contra as quais o conceito se aplicaria.

Por exemplo, dizer que o Brasil é uma república federativa, constitucional, onde impera o Estado de Direito, onde existe o sistema de separação de poderes com pesos e contrapesos, onde seus membros são eleitos democraticamente de forma clara e transparente, onde a lei e a ordem predominam sobre a corrupção e outros crimes, onde a liberdade individual e a propriedade privada são respeitadas, onde a liberdade de consciência, de expressão e outros direitos são protegidos por cláusulas pétreas da Constituição protegida por corte suprema e uma polícia federal – isso é fake news.

Os que estão no poder se valendo da situação institucional de total desfuncionalidade com o desvio de finalidade dos entes públicos depois que as forças do estado foram capturadas por máfias corporativas ou ideológicas dirão que não, que tudo está funcionando com normalidade, que qualquer coisa em contrário é “fake news”.

Quanto mais usarem a expressão “fake news”, tenham certeza, mais verdadeiro será o relato negado. Vou tentar acreditar se alguém disser que o que está sendo dito é uma mentira, sustentando sua defesa com fatos.