Em Miami, bebe-se água da torneira. Água vinda do mangue. Em Tel Aviv, bebe-se água da torneira. Água vinda do mar, da qual retiram tudo de podre, inclusive o sal.

Em Porto Alegre, bebe-se somente água mineral ou água filtrada mil vezes e fervida. A água vinda do rio, que também recebe esgoto, é imprópria para o consumo. Fede, causa doenças, mata. A água da torneira só serve mesmo para a higiene.

Pior que uma água assim é a falta dela. Normalmente, falta água, porque falta luz, porque chove demais ou venta, o que causa curtos-circuitos na rede de energia, por conta de árvores que se chocam com os fios.

Isso não é de hoje. Isso não é consequência da enchente, tem sido sempre assim, e continuará assim enquanto não aprendermos a fazer direito.

Anos e anos de descaso. Por isso a cidade inunda, as ruas são cheias de buracos, os alagamentos persistem, falta energia elétrica, a segurança é precária, a justiça tarda e falha, a corrupção come solta e os impostos são cada vez maiores.

É com as tragédias que as pessoas ficam mais sensíveis aos fatos. Acostumamo-nos com a incompetência, a desonra e a violência do estado.

Que a dor dos gaúchos sirva para uma coisa: entender que governos fazem parte do problema e que cada um deve cuidar da sua vida livremente, deixando para cuidar da vida dos outros de forma voluntária, quando for necessário, com esforço compatível, mas sem sacrifícios que possam inviabilizar a própria existência.

Agora, não podemos esquecer que Porto Alegre tem sido governada pela esquerda por décadas, sendo que o PT governou por 16 anos seguidos, liderando a vanguarda do atraso. Ninguém passa incólume pelas más escolhas feitas no passado.

Que a tragédia sirva para repensarmos o futuro com base na realidade, na razão e na autoestima. Chega de parasitas incapazes, de socialistas nos impondo a tragédia dos comuns, de ambientalistas estúpidos que odeiam a humanidade só porque pensam como plantas ou animais irracionais.