Brasil, o país do futuro
Lembram-se daquele cartaz que tinha nos armazéns antes da existência do cartão de crédito? Aquele do tempo da caderneta onde os bodegueiros anotavam quanto o cliente comprava para pagar no fim do mês? Nele dizia: “Fiado só amanhã“. Era uma promessa irrealizável, porque, no dia seguinte, o cartaz era o mesmo e, sempre que voltávamos para comprar algo, lá estava ele nos lembrando que, como ontem, hoje não. Provavelmente, nem amanhã.
É profundamente irritante a capacidade dos nossos políticos de transformar mentiras em promessas. Mais irritante ainda é a incapacidade do povo de questionar e cobrar as promessas feitas, abandonando um salutar nível de ceticismo para abraçar uma crença quase religiosa personificada no político de plantão.
O povo elege esperando que as promessas antigas se realizem. No entanto, elas perduram até caírem no esquecimento ou são substituídas por novas.
O “fiado só amanhã”, que se via nos armazéns pregado na parede atrás do balcão, vale também para a política.
Atrás dos púlpitos onde governantes mentem à vontade, paira no ar a mensagem: “soluções só amanhã”.