Falhas na política econômica e emigração de talentos

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O recente desabafo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lamentou a contratação de engenheiros brasileiros por empresas estrangeiras, reflete uma visão protecionista e desconectada da realidade globalizada em que se vive hoje. Essa abordagem não só revela um desconforto com os princípios do livre mercado, mas também subestima o direito fundamental de escolha individual dos profissionais envolvidos.

Ao rotular a contratação de engenheiros formados em universidades públicas por empresas estrangeiras como um “roubo”, o presidente ignora que esses profissionais não são propriedades do Estado, mas sim indivíduos com aspirações e direitos próprios, inclusive o de buscar oportunidades onde eles veem maior valor, seja isso em termos financeiros, de qualidade de vida ou de crescimento profissional. A retórica de Lula revela uma visão paternalista e arcaica, incompatível com uma economia em que o fluxo de talentos é determinado por oportunidades e não por fronteiras nacionais.

Mais preocupante ainda é a comparação do presidente entre a migração de engenheiros e o “assédio” a jovens jogadores de futebol. Essa analogia simplista minimiza a complexidade das decisões de carreira de profissionais altamente qualificados e sugere uma visão mercantilista de seres humanos, algo que é profundamente problemático e desrespeitoso.

Além disso, a estratégia do governo em repatriar talentos através de programas como o “Conhecimento Brasil”, embora possa parecer uma solução, não aborda as causas fundamentais que levam à emigração desses talentos. Os problemas reais incluem a falta de investimento em infraestrutura de pesquisa, burocracia excessiva e uma carga tributária sufocante que desincentiva a inovação e a competência.

A real solução para reter talentos no Brasil não é restringir a liberdade de movimento ou criticar a dinâmica do mercado global, mas sim promover reformas que transformem o Brasil em um ambiente mais livre e atrativo para se viver e trabalhar. Isso inclui medidas como a redução de impostos, a desregulamentação de setores chave, o investimento em educação de qualidade e a garantia de um ambiente jurídico estável e previsível.

Em vez de tentar culpar empresas estrangeiras ou os próprios profissionais que decidem emigrar, o governo Lula deveria olhar para dentro e repensar suas próprias políticas. O protecionismo e o estatismo têm mostrado repetidamente sua ineficácia em reter talentos ou em promover o crescimento sustentável. O Brasil precisa de uma abordagem mais liberal, que respeite a liberdade individual e promova um verdadeiro desenvolvimento econômico e social.

*Gabriela Moraes é associada do Instituto Líderes do Amanhã. 

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