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De Javier Milei a José Guimarães

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Dois fatos chamaram a minha atenção nas últimas semanas. Opostos, diferentes e ocorridos em duas nações diferentes, mas completamente reveladores. Nada poderia falar melhor acerca dos seus protagonistas – e dos que os defendem – que tais acontecimentos. Sinalizam de maneira inequívoca o rumo que cada país escolheu na festa da democracia – não é assim que se diz?

Fato número um: o presidente da Argentina, Javier Milei, enviou ao Congresso argentino um pacote com medidas reformistas visando a diminuir o tamanho do Estado. Fala-se em privatização de 41 estatais e desregulamentação de outros setores, além de reformas penais e eleitorais. É mais uma medida do presidente Milei na direção do que foi prometido em campanha: tirar o país do fundo do poço – e não há solução mágica nem agradável para uma nação endividada, com inflação nas alturas e uma máquina pública não menos gigantesca.

Os especialistas de ocasião já trataram de condenar as medidas de Milei. Sabem o que é mais engraçado? Nenhum deles fala do conteúdo em si. Concentram o porrete apenas na forma como as coisas foram feitas e dizem que o presidente atropelou o Congresso. Sério? Se o bendito pacote foi enviado ao próprio Parlamento, como diabos Milei passou por cima do mesmo? Façam-me rir.

Ah, tem a pecha de autoritário também. Justificam ao se lembrarem das medidas contra os arruaceiros que bloqueiam vias em protestos. Engraçado novamente: quando o Todo-poderoso Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, multou meio mundo de bolsonaristas pelo mesmo motivo, não havia autoritarismo algum, não é mesmo? Bastou mudar o time e a jogada tornou-se ilegal. A força da ocasião é maravilhosa.

No fundo, é apenas torcida ideológica contra o reformismo de Milei. Torcem contra para que a coisa não dê certo e o Brasil possa replicar o exemplo. Quanto mais se diminui o tamanho do Estado, melhor para quem o carrega nas costas.

Pois bem, vamos ao fato número dois: o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo Lula na Câmara, falou abertamente em fazer déficit nas contas públicas para ganhar eleição. Em bom português: o governo petista poderá gastar o meu, seu, o nosso dinheiro para alcançar os seus escopos políticos sem pudor algum. Ora, não é um mero parlamentar de baixo clero que está com a palavra. É o líder do governo na Câmara. Não se pode passar pano ao atribuir tal fala irresponsável a mera opinião individual de um acólito governista. Essa não cola, meus caros.

Que o PT nunca teve compromisso com a responsabilidade fiscal é algo óbvio. Eles até votaram contra a lei com tal nome aprovada em 2001. Que os seus membros jamais esconderam o desejo incontrolável em gastar o dinheiro do povo em projetos estatais mirabolantes – estou sendo muito bondoso – e no aumento da máquina pública para acomodar os aliados de ocasião, isso também todo mundo sabe. Porém, o governo do sr. Lula foi estabelecido após uma eleição na qual muitos autointitulados democratas – também de ocasião – do mercado digitaram 13 na urna eletrônica alegando um compromisso petista com a austeridade fiscal e a manutenção da democracia liberal.

Já se sabia que essa verborragia chinfrim era da boca para fora e da incompatibilidade de tais valores com o petismo. Austeridade e PT são como água e óleo – isso nem precisa de maiores considerações. Quanto ao apreço pela democracia, o partido mostrou como a ama ao tentar comprar parte do Congresso no Mensalão. Uma vez no poder, o modus operandi é esse. Além disso, o governo está muito preocupado com as redes sociais, pois é mesmo um acinte que o cidadão tenha liberdade para criticar quem ele sustenta – no caso do sr. Lula, custa muito caro. Daí que a gestão petista tenha criado uma secretaria para combater ‘’fake news e discurso de ódio’’ para bisbilhotar as redes, além de apoiar o PL da Censura. Quanto apreço pela democracia, não?

Como não poderia deixar de ser, a fala do deputado Guimarães não provocou a menor revolta nos bravos democratas – e fiscalistas – da imprensa brasileira. Quando o ex-presidente Bolsonaro anunciou o aumento do Auxílio Brasil em conjunto com outras medidas, nossos corajosos jornalistas arrumaram termos como ‘’pacote de bondades’’ e apontaram interesse eleitoral na coisa. Agora, um deputado petista assume claramente a possibilidade de usar o erário para vencer as eleições municipais e os guerreiros das redações jornalísticas não dão um pio. Bastante sintomático.

Enquanto a Argentina parece ter entendido as causas do seu fiasco como nação e luta para sair do atoleiro a duras penas, o Brasil esqueceu que um dia chegou na beira do abismo e parece querer voltar ao caminho da destruição. Se Javier Milei faz o correto – mesmo com o esperneio da grande mídia – com o objetivo supracitado, o governo Lula coloca o país em direção oposta – e obviamente amedrontadora –, como evidencia o deputado Guimarães. Sensíveis diferenças.

Referências:

1.https://www.poder360.com.br/internacional/milei-envia-ao-congresso-pacote-que-amplia-reforma-do-estado/

2.https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/se-tiver-que-fazer-deficit-vamos-fazer-ou-a-gente-nao-ganha-a-eleicao-diz-lider-do-governo-lula,d878382a947960ef207448e23826940cbesjf188.html

3.https://www.cnnbrasil.com.br/politica/moraes-determina-multa-de-r-100-mil-por-hora-para-donos-de-veiculos-que-obstruirem-lugares-publicos/

4.https://www.estadao.com.br/politica/ministro-da-secom-anuncia-secretaria-para-combater-discurso-de-odio-e-fake-news/

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Carlos Junior

Carlos Junior

É jornalista. Colunista dos portais "Renova Mídia" e a "A Tocha". Estudioso profundo da história, da política e da formação nacional do Brasil, também escreve sobre política americana.

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