Governador preocupado que as doações possam prejudicar o comércio gaúcho. Esse é o mesmo governador que na pandemia fechou gôndolas de supermercado e milhares de estabelecimentos comerciais, tendo muitos destes ido à falência.

Sabe-se que doações em massa podem fazer com que o consumo local diminua. No entanto, no caso de uma tragédia onde a maioria das vítimas perdeu tudo, a ajuda humanitária, específica e temporária é necessária.

No indispensável documentário “Poverty, Inc.,” que denuncia a indústria que se sustenta da manutenção da miséria, contam a história de como, em um determinado país africano, os produtores e comerciantes de sapatos foram à falência devido a uma campanha da fábrica de calçados infantis americana “Toms”, que prometia doar um par de sapatos para cada par vendido nos EUA. Somente em 2019, foram 95 milhões de pares de sapatos distribuídos gratuitamente para mais de 70 países. O modelo de sapato doado era idêntico ao vendido para seus consumidores. É óbvio que os fabricantes de sapatos locais perderam o mercado e seus negócios, tendo que mudar de ramo. Por outro lado, os beneficiados pelas doações podiam economizar o dinheiro que deixaram de gastar com calçados, podendo usá-lo para adquirirem outros produtos com aquele valor.

Se o governador quer aliviar o drama dos comerciantes locais, basta diminuir os impostos. Ou será que ele está reclamando dos produtos doados porque ele não pode meter a mão no bolso dos gaúchos por não poder cobrar ICMS?