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Perspectivas da liberdade para 2014

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BERNARDO SANTORO*

Estamos agora oficialmente a um ano das eleições presidenciais de 2014, e o panorama político para a liberdade continua bem ruim. Vão fazer uma breve leitura dos cenários para 2014 e ver até onde podemos ir.

A primeira coisa se lamentar é a ausência de partidos verdadeiramente liberais na disputa. Dos três partidos políticos em formação de caráter liberal (Novo, Liber e Federalista) não conseguiram as assinaturas necessárias para se constituir oficialmente. O Partido Novo, mais avançado nesse processo, passa a ser nome certo para as eleições de 2016, mas para esse ficou por pouco, e vai fazer falta.

Os dois partidos novos que efetivamente conseguiram se formar, PROS e SDD, são estatistas. O primeiro aderiu de plano ao governo Dilma, mesmo com uma suposta bandeira pela redução de impostos, onde ele não traz proposta de onde cortar receitas e muito menos gastos. O SDD é um partido sindicalista, e, portanto, interventor no campo econômico.

Quanto às candidaturas postas, temos um cenário com cinco candidaturas até o momento: Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB), Randolfe Rodrigues (PSOL) e Pastor Everaldo Pereira (PSC).

Dilma Rousseff é a manutenção do status quo. Uma política econômica desastrosa, com ênfase em protecionismo, favorecimento pessoal, concentração de mercado em campeões nacionais, fomentos e isenções, e todo tipo de dirigismo econômico, além de forte mistura entre poder público e iniciativa privada. É a candidata favorita.

Aécio Neves promete ser o mais liberal dos candidatos, mas nem tanto. Deve fazer algumas reformas, mas seu discurso está totalmente focado na questão da gestão, sem o contraponto de valores distintos daqueles apresentados pelo PT. Sua grande diferença está na equipe econômica ligada ao PSDB, que provavelmente restabelecerá algumas boas práticas da gestão FHC, como orçamento equilibrado, responsabilidade fiscal, desestatização de setores deficitários (e apenas destes), câmbio flutuante e abertura de mercado para importações. Mas não esperem uma profunda reforma tributária, burocrática ou previdenciária. É um candidato viável, mas não favorito.

Eduardo Campos foi o grande vencedor da reta final de filiações partidárias, ao trazer para ser sua vice a ex-Ministra Marina Silva, que teve 20 milhões de votos na última eleição e vinha pontuando nas pesquisas na segunda colocação. Marina Silva carrega consigo boa parte dos votos da juventude brasileira e também de setores ligados aos evangélicos (que em pesquisa possui 22% do eleitorado brasileiro). Ambos são extremamente intervencionistas e não acreditam em outro modelo que não o implementado pelo PT, inclusive reagindo com irritação a qualquer tentativa de serem taxados como liberais. É mais do mesmo, só mudando as pessoas. É uma resposta política à inércia da oposição de primeira hora (PSDB e DEM) em apresentar um modelo político alternativo para o país.

Randolfe Rodrigues, do PSOL, vem para uma radicalização de esquerda. Esperem fortalecimento das agências, criação de estatais, ataque ao agronegócio, cotização de cargos públicos e implementação de direitos positivos para minorias.

Pastor Everaldo Pereira, do PSC, virá com uma agenda ultra-conservadora. Pastor da Assembleia de Deus, vai defender uma intervenção radical no campo moral, atacando o aborto, o casamento gay e o movimento de legalização de drogas e jogo. Por outro lado, promete uma agenda econômica liberal. Será o único a enfrentar o petismo com uma agenda de valores, mas essa agenda é muito radical pró-religião e não coaduna muito com a visão mais liberal de estado.

Os dois últimos candidatos não tem chance, mas Randolfe Rodrigues pode tirar votos de Dilma e Eduardo Campos, e Pastor Everaldo pode tirar votos direitistas do Aécio e votos conservadores do Eduardo Campos (que supostamente iriam para ele via Marina).

Em caso de vitória do petismo no primeiro turno, deve se esperar um aprofundamento das suas políticas anti-liberais. Em caso de segundo turno entre Dilma e Eduardo Campos, a tendência é um apoio de Aécio e um Eduardo Campos menos autoritário. Em caso de segundo turno entre Dilma e Aécio, a composição do segundo com Eduardo Campos exigirá de Aécio uma postura menos liberal.

Portanto, qualquer que seja o candidato a enfrentar Dilma no segundo turno, certamente esse candidato estará preso a acordos e não terá nenhum compromisso com a liberalização da economia.

E isso não é boa notícia pro Brasil e para a liberdade.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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