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Revisitando 300 anos de Adam Smith

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O ano de 2023 marca os 300 anos de aniversário do maior pensador de todos, Sir Adam Smith. A data é bastante oportuna para reflexões sobre o pensamento smithiano, dentro do qual destaco dois aspectos fundamentais: a natureza do ser humano e as fontes do crescimento econômico e social.

Definitivamente, Smith foi um ferrenho defensor das vitais liberdades: individual e econômica. Ele pregava a imperiosa necessidade das liberdades individuais, exercitadas por meio da racionalidade.

É por demais conhecido que Smith sustentava a tese do auto-interesse, explicada por meio da analogia da mão invisível do mercado. Numa economia concorrencial, a busca pelo interesse individual resultaria no aumento do bem comum, fazendo com que uma nação alcançasse o crescimento econômico e social de forma mais rápida.

Evidente que, antes do seminal A Riqueza das Nações (1776), em 1759, no livro Teoria dos Sentimentos Morais, Smith argumenta que os indivíduos são dotados de uma gama variada de sentimentos que estão inclinados ao seu interesse próprio, embora se preocupem com os sentimentos de outras pessoas em função do seu espectador moral imparcial.

Ele nos faz pensar no protagonismo do indivíduo sobre o abstrato coletivo, pontuando que a verdadeira igualdade se fundamenta, especialmente, na capacidade de todos os seres humanos tomarem decisões por si próprios.

Em especial, na vida empresarial, uma ideia inovadora e a respectiva materialização em produtos e serviços para solucionar os problemas dos consumidores nascem na mente de um indivíduo curioso e criativo, num processo que é espontâneo e imprevisível. Tal processo é desenvolvido e aperfeiçoado por meio de um conjunto de pessoas com habilidades e competências distintas e especializadas, capazes de gerar novos insights criativos para melhorar essa oferta competitiva.

No entanto, a história da engenhosidade humana demostra que a natureza das ideias inovadoras e do processo criativo é, de fato e muitas vezes, muito particular e incomum. Nesse respeito, a dinâmica imprevisível e, portanto, flexível do processo criativo demanda aprimoramentos que são alcançados através do conhecimento especializado e da colaboração de uma coleção de pessoas. Num processo criativo que redunde em soluções inovadoras e úteis para a sociedade, não pode haver a imposição da ditadura das ideias e do comando de um único rumo a seguir. Aqui é também premente a existência da liberdade individual para o bem do processo de criação. Enfim, Smith nos relembra da essencial importância do indivíduo, num momento em que a narrativa do “social”, estilizada, emocionalmente embala legiões de pessoas.

No que diz respeito às genuínas fontes do crescimento econômico, Smith afirma que a dinâmica do processo de crescimento decorre de uma mudança estrutural que é, por natureza, imprevisível, dependente da especialização e dos livres mercados, em especial, da livre competição.

Para ele, a competição é socialmente justa, na medida em que impediria que houvesse a monopolização dos ganhos da especialização de mercado somente para algumas empresas e, portanto, só para alguns indivíduos.
Assim, a concorrência, quanto mais livre e intensa, mais beneficiaria a todas as pessoas de um espaço social.
Mais de 300 anos depois, muito distintamente dos discursos populistas e ideológicos em voga, ele reaviva o papel saudável da economia de mercado e da concorrência.

Seguramente, não são essas que geram as propaladas “desigualdades sociais”. Factualmente, é o declínio da concorrência, por conta da fome voraz por benefícios próprios ilícitos e vantagens para determinados grupos de pressão e interesse, que faz bradar vozes supostamente bom-mocistas em nome do povo, verdadeiramente populistas e coletivistas, por intervenções regulatórias estatais, que substituem, em vez de aumentar, a concorrência e o bem estar das pessoas.

Smith merece ser sempre comemorado. Sempre é um altivo alerta para a permanência das liberdades individuais, para a liberdade nos mercados e a concorrência, e para a elucidação do papel central do indivíduo sobre o coletivo, quando se trata da busca e do alcance do crescimento econômico e social.
Viva Sir Adam Smith!

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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