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“Pedofilia — doença ou crime”: a estratégia de aceitação do inaceitável

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Conforme o artigo 121 do Código Penal, “matar alguém” é crime. Pensar em matar alguém não é. Desejar que beltrano morra também não. Imaginar que esse mundo ficaria um pouco melhor se fulano morresse também não dá cadeia.

Vale constatar: a lei penal define como crime determinadas ações ou omissõespassíveis de serem praticadas pelos indivíduos e fixa a punição adequada. Nosso ordenamento jurídico não prevê o “crime de pensamento”, que consistia, no romance 1984, de George Orwell, em insurgir-se mentalmente contra o sistema totalitário, sem nem mesmo verbalizar esta insatisfação.

Quer dizer, se a pessoa limita-se a abstrair em sua consciência a respeito daquele ato vetado pela legislação penal, sem jamais empreender esforços para materializar sua fantasia, então não houve vítimas, nem tampouco há prejuízo para terceiros, e, portanto, não há que se falar em comportamento criminoso.

Pois este é o primeiro passo da estratégia que o movimento revolucionário vem adotando em sua empreitada pela normalização da pedofilia no imaginário popular: confundir fetiche com conduta.

O sufixo de origem grega filia exprime a noção de desejo, afeição, simpatia. Já os prefixos pedo ou pedi remetem à ideia de criança. Ou seja, o vocábulo pedofilia pode fazer referência, a princípio, ao sentimento, à vontade de praticar a conjunção carnal com um infante.

Ainda nesse estado latente, tal predileção do sujeito não pode ser enquadrada em nenhum tipo penal. Ou seja, a pedofilia, considerada enquanto mera sensação confinada aos becos da mente de um ser humano, sem manifestação material de qualquer espécie, não é crime mesmo.

Tal propensão, todavia, por consistir em sentir atração física por uma criatura que ainda sequer desenvolveu seu corpo para o sexo, costuma causar repulsa na imensa maioria da população, que tende a considerar esta inclinação doentia — a despeito de qualquer classificação médica.

Perceberam a malandragem? O que pode (e deve) ser considerado um distúrbio (dos mais graves) é tão somente o animus, disposição em abusar de um menor — mesmo porque, até esse estágio, ninguém foi afetado negativamente ou sofreu efeitos nocivos de qualquer natureza; a partir do momento, todavia, em que um pré-púbere é envolvido, a coisa muda de figura, e passa a configurar crime.

Mas quando o slogan “pedofilia é doença” se espalha pela mídia, os dois conceitos se confundem, e a opinião pública, inconscientemente, começa a internalizar a ideia de que mesmo criminosos que já destruíram vidas de forma irreversível devem ser tratados como doentes — isto é, sem que punição alguma lhes seja imposta. Com efeito, o artigo 26 do Código Penal diz que é isento de pena aquele incapaz de conter seus instintos por motivo de doença mental.

Só que, para que pedófilos possam ser assim considerados inatingíveis pela lei criminal, é preciso que consideremos, então, que seu tesão por menores não é apenas uma parafilia — uma tara excêntrica, como transar com árvores ou animais — , mas sim uma espécie de tesão incontrolável, um impulso mais forte do que eles mesmos.

Ora, mas como recomenda-se proceder, por exemplo, com psicopatas que sabidamente irão voltar a assassinar tão logo sejam devolvidos às ruas? Simples: não se deve permitir jamais sua reintegração ao convívio social, mantendo-os, no caso, internados indefinidamente em instituições psiquiátricas.

Mas não pense nem por um segundo que a reclusão perpétua, visando a segurança dos cidadãos ordeiros, será o destino deste elementos, pois a doutrina antimanicominal dominou as políticas públicas no Brasil nas últimas décadas. Calcada no princípio foucaltiano segundo o qual loucura é tão somente uma “construção social”, os hospitais psiquiátricos foram abandonados pelo sistema de saúde estatal, a tal ponto que, nos dias atuais, há centenas de inimputáveis à solta aguardando vagas para internação.

Além disso, há um detalhe nesta campanha global pela aceitação da pedofilia que não está na pauta por acaso: “há tratamento”. A intenção, portanto, é implantar no entendimento da elite pensante e formadora de opiniões que basta o meliante submeter-se a meia dúzia de sessões de terapia para ser considerado apto a retornar à sociedade.

Ou seja, este olhar “inovador” sobre a pedofilia, na prática, garante a total liberdade e impunidade aos estupradores de crianças.

Mas a coisa não para por aí. Retirar a possibilidade de responsabilizar penalmente os pedófilos é apenas a primeira etapa deste plano nefasto. A fase seguinte do projeto visa eliminar por completo o estigma social da pedofilia — até mesmo visando impedir que medidas como a castração química venham a ser impostas como condição para saída do regime de prisão fechado.

E é aí que entra em cena a erotização precoce, promovida por “educadores” militantes (tais como os que querem lecionar “educação sexual” quase desde o maternal) e “artistas” engajados na causa progressista (como aqueles que consideram “educação artística” levar turmas do ensino fundamental para ver exposições que exibem as maiores obscenidades).

Esta é a maneira mais eficaz tanto de mudar o entendimento atual de que somente a partir de idade mais avançada uma pessoa torna-se capaz de emitir consentimento para o sexo, quanto para fazer vista grossa para os danos e sequelas experimentados pelos abusados — sobre isso, ver o tocante depoimento da comediante Cris Paiva aqui.

Cria-se, assim, o ambiente intelectual necessário para a aprovação de legislações e para a construção de jurisprudências que relativizem o abuso sexual de menores. Nesta indigna missão, a ideologia de gênero desempenha papel essencial.

Pronto: está tudo armado para que, num futuro próximo, namorar crianças seja apenas mais um orientação sexual, referida por algum nome pomposo (como “amor intergeracional”), e seus adeptos sejam tratados com normalidade (já cunharam e estão tentando popularizar o termo PAM, ou pessoa atraída por menores). Já se fala abertamente em “pedofobia”, e é questão de tempo para esta “discriminação” passar a ser tipificada como crime, invertendo por completo a lógica natural, da forma que muitos avisaram que aconteceria, como o comunicador americano Rush Limbaugh¹.

Resta apenas perguntar: por quê? Por que razão mirar em seres tão indefesos? Maldade, crueldade, falta de empatia? Na verdade, é preciso voltar os olhos para o movimento comunista a fim de entender o que se passa.

Consideremos que a existência humana dividi-se, em termos de engajamento político, em três períodos básicos: infância, juventude e vida adulta. Em qual dessas etapas o indivíduo está mais propenso a virar “massa de manobra” — ou, nas palavras de Ortega y Gasset, aquele que não atua por si mesmo, que veio ao mundo para ser dirigido, influído, representado, organizado?

Já dizia Georges Clemenceau que “ um homem que não seja um socialista aos 20 anos não tem coração; e um homem que ainda seja um socialista aos 40 não tem cabeça”. Flávio Gordon, autor do livro A Corrupção da Inteligência, diz a respeito dos jovens:

“O jovem é naturalmente rebelde, mas seu espírito quase nunca se rebela contra a própria geração e os próprios pares. Ao contrário da vulgata romântica que retrata os jovens como criaturas independentes e ansiosas por autonomia, a verdade é que tendem a ser demasiado gregários e carentes de aceitação alheia. Mostram-se, por isso mesmo, mais suscetíveis aos apelos de ideologias e projetos coletivistas.”

Olavo de Carvalho, por sua vez, definiu com maestria O Imbecil Juvenil:

Já acreditei em muitas mentiras, mas há uma à qual sempre fui imune: aquela que celebra a juventude como uma época de rebeldia, de independência, de amor à liberdade. Não dei crédito a essa patacoada nem mesmo quando, jovem eu próprio, ela me lisonjeava. Bem ao contrário, desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas.

Donde se conclui: quanto mais pessoas dotadas de uma mentalidade juvenil houver na sociedade, tanto melhor para o ideário coletivista.

Pessoas amadurecidas — especialmente as que tem contas a pagar — costumam não servir aos propósitos da causa igualitarista, e, por isso mesmo, enfatiza-se a todo tempo que o cool é manter-se “jovem de espírito” por todo o sempre, dando origem aos famigerados adultescentes.

No mesmo sentido, crianças em tenra idade também não costumam servir de fantoches na luta por poder, pois que ainda encontram-se isoladas de questões mundanas em seu microcosmos lúdico. E qual a melhor forma de arrancar-lhes deste estágio inicial de maturação e catapultar-lhes direto para a adolescência? O sexo, claro, pois ele costuma ser o divisor de águas entre a infância e a juventude.

Fica tudo muito claro: por um lado, infantilizam-se os adultos de maneira a não permitir jamais que seus temperamentos deixem de ser tipicamente jovens; por outro, encurta-se ao mínimo possível a infância, usando os pedófilos como zumbis capazes de “morder” crianças e transformá-las quase de imediato em jovens desajustados, incapazes de autossustentar-se e, portanto, ávidos por assistencialismo estatal.

E pronto: temos aí maximizado o número de pessoas passíveis de compor turbas barulhentas e histriônicas, que procuram obter privilégios na base do grito e da intimidação, mantendo a sociedade em um infindável estado de instabilidade, agitação e descontrole — tudo o que qualquer político sonha encontrar pela frente, para que ele, então, possa oferecer mais Estado como solução (justificando a criação de mais estrutura burocrática custada por impostos).

Percebam que vale quase tudo para tirar uma criança do torpor existencial, da inocência e da ingenuidade da infância e trazê-la na marra para a juventude, menos permitir que ela trabalhe ou pague por crimes cometidos — por que isso, logicamente, a jogaria diretamente para a idade adulta, e não para a adolescência.

Só que estes revolucionários estão brincando com fogo. O brasileiro aceita muita coisa calado, mas já está claro que, se o Estado se eximir de punir pedófilos, corpos de estupradores começarão a aparecer jogados em terrenos baldios. A autotutela, a justiça com as próprias mãos virará a regra — e que motivo melhor para alegar que ninguém pode comprar ou portar armas, certo?

Eles não dão ponto sem nó. Eles trabalham na Globo, na escola dos seus filhos, no parlamento. Eles não podem obter êxito em seu intento. Nós temos que mostrar que a engenharia social acaba aqui!

¹ https://thinkprogress.org/rush-limbaugh-marriage-equality-is-helping-to-normalize-pedophilia-62ef28e318d4/

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Ricardo Bordin

Atua como Auditor-Fiscal do Trabalho, e no exercício da profissão constatou que, ao contrário do que poderia imaginar o senso comum, os verdadeiros exploradores da população humilde NÃO são os empreendedores. Formado na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) como Profissional do Tráfego Aéreo e Bacharel em Letras Português/Inglês pela UFPR.

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