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Ou a direita se une, ou a esquerda vence

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A direita brasileira parece muito bem unida em volta de seu umbigo. Parece que muitos setores, liberais e conservadores, se uniram na intenção de se autodestruir; e, agindo assim, abrem largo espaço para a esquerda novamente vir triunfante tomar o lugar deixado pelas birras in loco de liberais e conservadores. Para os liberais, Bolsonaro não é liberal o suficiente, ou sequer liberal é; para os conservadores, Amoedo não é conservador o suficiente e por isso devemos descartá-lo. Todavia, esses não se dão conta que nunca encontrarão homens que se aconcheguem perfeitamente aos seus moldes divinizados de “reis-filósofos”. Para a direita brasileira está valendo muito mais a sua estratégia de abraçar o joelho e repetir seus dogmas abstratos — ficar debatendo até onde deve ir o dedo do Estado, se exércitos são ou não necessários — do que ganhar as eleições e mudar a realidade basal da politica brasileira da esquerda para direita.

A impressão que fica é que muitos sequer se importam com que religiosamente pregam em suas redes sociais, apenas querem debater e figurar como idealizadores ou inteligentinhos de seus institutos e grupos de estudos. São oposição por conveniência e puro fetiche intelectual.

Falta uma pessoa estrategista na direita nacional, aquela pessoa que venha e diga: “tá ok, querem conversar sobre se o Brasil deve ou não ter um exército, se é moral ou não custear a parada gay, ou se a cartilha sexual deve ou não figurar nas escolas primárias, então vão para outro cômodo, aqui ficarão aqueles que querem pragmaticamente mudar a realidade que está em nosso alcance”. A direita tem que compreender que agora não há lugar para idealizadores; que enquanto debatemos sobre anarco-capitalismo o PSOL já incluiu um pastor e um delegado em sua turma de eleição em 2018, e é bem provável que eles angariarão muitos votos da direita mais desavisada. Enquanto ardorosamente debatemos sobre se imposto é roubo, o PT, há meses, já traçou seu plano de união da esquerda mais radical; muito provavelmente conseguirão os dissidentes de PCdoB, PCO e afins. O PSDB está tomando para si o cantão do centro-esquerda, a área mais povoada da “sociedade dos partidos”; Alckmin — apesar de ser um picolé de chuchu — tem muito respeito entre os socialistas que de forma escusa se excitam com o capitalismo utilitário. Como dizia o programa partidário tucano: “precisa-se de um choque de capitalismo”.

Ou seja, a esquerda sabe muito bem o que fazer numa eleição e em comparação com a direita nacional, dá uma aula magnífica de estratégia eleitoral; quando a situação aperta, sabem bem quem apoiarão e que a causa à esquerda é mais importante que as batalhas partidárias. A direita, até o momento, sequer sabe como andar, para onde está indo e como agir caso chegue em algum lugar. No corner azul do ringue, ou estamos chorando as lamentações eternas do LIVRES e atacando Bolsonaro e Luciano Bivar, ou estamos deliberadamente apedrejando a vida íntima de Rachel Sheherazade.

Já dizia há muitos artigos atrás: falta um estadista no Brasil, e não precisa ele próprio ser um candidato; precisa apenas que ele seja mais inteligente que conservadores de ídolos ou teorizadores de paraísos sociais anarquistas. Falta alguém que se levante e tome para si o bastião dos inteligentes e diga: “vamos antes ganhar as eleições, depois discutimos qual a temperatura ideal das ideias a serem praticadas”. Poucas certezas possuímos até o momento sobre as eleições desse ano, mas uma delas é que o Brasil simplesmente não aguentará mais 4 ou 8 anos nas mãos da esquerda. Os resultados e os ecos dos governos psdebistas e petistas mostram o verdadeiro caos econômico, moral e social deixado à população. Ou 2018 é a hora de mudar o canto político de nossa república, ou daqui a 4 anos poderá ser tarde demais. Como disse Jaques Wagner aos seus correligionários: o erro do PT foi não ter instaurado uma ditadura revolucionária como fez a Venezuela.

Se ocorrerá união em torno de Amoedo ou Bolsonaro, a direita tem que discutir isso sem demora, sendo pragmática e tomando uma decisão que nos levará a resultado factual. A união em torno da “direita possível” é imprescindível no momento; não por adequação de princípios, ou por glamourização de políticos, mas em nome de uma estratégia de um país mais aberto às virtudes individuais e liberdades de mercado. Se a direita brasileira se apegar aos seus dogmas, se ela se fechar em seus regicismos encastelados e egocentrismos intelectuais, passaremos mais bons anos sonhando com um Brasil ideal ao invés de pincelar na realidade um Brasil mais livre — ainda que não idealmente livre.

Não estou propondo, por sua vez, defender corruptos e fazer conchavos criminosos, muito menos usar da estratégia petista de “tudo vale por poder”; como liberal-conservador que sou, considero que a reta moral antecede o poder político. Todavia, ou galgamos democraticamente assumir papeis de decisões na república, ou essa balela toda é perda de tempo.

Somente ideias podem iluminar a escuridão, parafraseando Mises; mas ideias por si só não movem nações e nem reconstroem países; o momento exige praticidade de homens que vão além dos discursos e princípios abstratos. O que foi Winston Churchill senão um homem que pegou suas ideias, engoliu seu orgulho, e lutou por um mundo livre na prática? O que foi Margaret Thatcher e Ronald Reagan senão homens que aliaram princípios e ações?

Arregacemos nossas mangas e saiamos de nossos sofás; ideias sem homens práticos que as executem são como alimentos sem bocas para alimentar.

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Pedro Henrique Alves

Pedro Henrique Alves

Filósofo, colunista do Instituto Liberal, ensaísta do Jornal Gazeta do Povo e editor na LVM Editora.

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