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Os Sinhôs Modernos – Parte I

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sinho moderno

“Só os canalhas precisam de uma ideologia que os absolva e justifique” – Nelson Rodrigues.

Durante as manifestações de 2015 uma horda de críticos, à esquerda, surgiu para denunciar e rir dos ditos “coxinhas”, que saíam de seus palacetes e carros do ano para protestar contra o governo dos “populares” – também conhecidos como “enroladinhos”, um apelido que vem muito a calhar –, aqueles que eram os representantes da democracia legítima, dos pobres e oprimidos.

Dos seus humildes apartamentos caros, com suas panelas de prata – preciosas demais para suarem nos protestos – sempre vazias de caviar, os membros da esquerda não pouparam dedos para apontar para os protestos populares do ano passado; lembremos que os mesmos pobres mimados, amantes da democracia e do direto de se expressar defendiam com unhas e dentes as manifestações de 2013, sendo essas as mais populares de todas, com direito a dano ao patrimônio público, privado, uma morte e – o que a esquerda mais ama – um grupo semi-terrorista, com jovens em sua vanguarda (claro, a juventude: verdadeira detentora do saber, experiência e conhecimento. Nada pode ser comparado aos 3 ou 4 anos de experiências contra a família patriarcal-heteronormativa-opressora, que paga a alimentação, estudos, diversão… tudo isso para formar o ápice da análise política: a opinião de um jovem progressista), autointitulado de Black Bloc.

Não que pese a morte de um cinegrafista, isso foi apenas uma reação não-reacionária, mas revolucionária, dos mais sábios, honestos e justos sujeitos do Brasil – talvez não tão honestos quanto o Lula, mas ninguém é tão perfeito, não? –, visando o bem do favelado. Eles têm a permissão para tudo: todas as mortes, agressões, mutilações, xingamentos, desacatos e depredações. Afinal, tudo fica com um culpado abstrato, a Sociedade Injusta, comandada por egoístas e por um moralismo religioso cruel.

Mas indo um pouco além do sapientíssimo diagnóstico geral dos salvadores do futuro e focando em um argumento muito utilizado pelos espertos: “não há negros nas manifestações”.

O problema principal não é se havia ou não negros nas manifestações, mas sim quantos negros, se alguns eram negros de verdade, ou se já eram meio branquinhos; não foi raro encontrarmos tal crítica nas universidades – eu mesmo sou testemunha disso –, nas redes sócias (perfeitas para tirar “do baú” as canalhices e contradições proferidas pelos salvadores do mundo) e em grupelhos que, incapazes de ver uma verdadeira força popular, usam de subterfúgios já batidos, não para critica-la, desmembrar seus argumentos e expor suas contradições essenciais, mas sim para falar mal, xingar, distorcer e caluniar. Se uma manifestação popular, que reuniu milhões de pessoas nas ruas, não for de esquerda, é claro que se trata de um bando de recalcados, racistas, burgueses, opressores da classe média, que odeiam os pobres, gays, mulheres e negros. Se sair da facção, dos moldes da esquerda, lembre-se: você é um monstro.

Mas há um “porém”. Depois da avalanche de críticas, afirmando que não existiam negros nas manifestações, os negros que iam para as manifestações começaram a fazer sua voz ser ouvida, a chamar atenção para não serem indevidamente excluídos, isso fora o fato da popularidade do PT estar em queda, da Dilma e do Lula, e a maioria dos pobres já não quer mais ouvir falar deles, não sem asco e reprovação. A esquerda ainda grita, esperneia, chora para tentar ter uma voz em frente à tragédia em que se encontra, mas é inútil.

Encurralados, sem meios de efetivamente defender seus pontos, as causas que adotaram para enxertar todas as suas existências, partem para a mais hipócrita e descarada alternativa: se tornam racistas.

A realidade é clara, na verdade: sempre foram racistas. A falta de autocrítica e a fé cega que têm em suas causas e lutas causam uma espécie de deficiência – beirando ao delírio, quando são facilmente contrariados, objetados – em suas cognições. No histórico de lutas contra o racismo, a esquerda nunca fez questão de esconder, ou de negar que fomenta a luta de classes, que crê na dialética social de lutas e melhorias, isto é, de efetivamente colocar mais lenha na fogueira. Se os movimentos esquerdistas estão ligados com os Direitos Humanos, não estão para promover algo harmônico, cauteloso, prudente ou gradual. Querem que o circo pegue fogo, pois acreditam que do fogo nascerá… um circo maior ainda.

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Hiago Rebello

Hiago Rebello

Graduado e Mestrando em História pela Universidade Federal Fluminense.

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