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Opinião de uma médica sobre a crise atual

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Numa situação de pandemia, como a que estamos passando com o coronavírus, há que se avaliar duas questões fundamentais que são vida e economia – economia, não apenas na questão de desenvolvimento do país, mas de subsistência, principalmente no Brasil, onde as contradições e diferenças sociais são, sim, gritantes e extremamente difíceis de manejar.

Surgem os mais variados questionamentos se haverá mais mortes pelo coronavírus ou pela fome, pelo desemprego. Para qualquer líder de uma nação, é uma situação de extrema dificuldade. Não seria diferente para o Presidente Bolsonaro. Porém, ele soube escolher muito bem a equipe ministerial para lidar com este e com os demais problemas que assolam este Brasil, durante décadas, entre eles, a fome, o desemprego, a violência, a impunidade, a mobilidade urbana, só para citar alguns.

Nem assim, deixam de dar suas opiniões os “palpiteiros de plantão”: isola todo mundo! Libera todo mundo! Se quer isolamento horizontal é comunista, se quer o isolamento vertical é irresponsável.

Como disseram os ministros , em especial, o ministro Mandetta em coletiva, juntamente com o Ministro Sérgio Moro, ministro Braga Netto e ministro Paulo Guedes, as ações estão sendo coordenadas, trabalhando em conjunto e nada será feito sem suporte da ciência e de consulta a especialistas e epidemiologistas. As ações dependerão do andamento do contágio e do “fôlego” da economia, segundo o próprio ministro Paulo Guedes.

Segundo as estimativas do  Ministério da Saúde, o pico de contágio no Brasil será entre 06 e 20 de abril. É necessário, segundo o ministro Mandetta, neste primeiro momento, o máximo isolamento possível, mantendo atividades essenciais, para que não haja um colapso sem precedentes num sistema de saúde que já trabalha no limite como o brasileiro. Portanto, o isolamento não é total. Sim, há trabalhadores que não poderão ficar em casa, não poderão ficar sem trabalhar, como os de primeira linha da saúde, motoristas de transporte público, lixeiros, frentistas, faxineiros, balconistas de farmácias, funcionários de redes alimentícias, entre outros. Os demais, sim, o máximo que conseguirem. Trata-se de uma medida de contenção de danos e de dar tempo para o país preparar-se melhor, com recebimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) – sob pena de perda de força de trabalho da equipe de saúde, se faltar proteção -,  aumento de leitos de CTI e leitos hospitalares (em torno de 20% em caso de calamidade), através da construção de hospitais de Campanha (HCamp), porque sim, nosso sistema de saúde opera acima de sua capacidade máxima, na maior parte do tempo, pelos problemas de saúde cotidianos da população. Segundo dados da AMIB (Associação Médica de Intensivismo), antes da pandemia, nossos leitos de CTI encontravam-se com taxa de ocupação de  95% .

Além do mais, é necessária a chegada de insumos, RESPIRADORES (para os quais, segundo ministro Mandetta, haverá uma alternativa promissora a ser divulgada nos próximos dias), testes rápidos, entre outras adaptações necessárias para enfrentarmos esta primeira onda da melhor forma que nos é permitida, com paciência e prudência .

Em relação à economia, o ministro Paulo Guedes divulgou a liberação de, ao todo, para este primeiro momento, R$ 750 bilhões , dos quais entre R$ 100 e R$ 200 bilhões serão para os desempregados, trabalhadores informais, para a população menos assistida. Também é fundamental a chagada destes  recursos da União aos destinatários, para que possam enfrentar esse momento de tormenta e turbulência, antes de qualquer movimentação, segundo o ministro da Saúde.

O mundo ainda está conhecendo o comportamento do SARS-COv2, o subtipo de coronavírus responsável pela Covid-19. Sua taxa de mortalidade tem variado muito entre os países. Sua capacidade de adaptação ao clima, sua virulência e resposta aos tratamentos disponíveis no momento, como a Cloroquina e a Hidroxicloroquina, também ainda são cercados de nebulosidade. O que mais se sabe é que idosos, acima de 60 anos, imunodeprimidos e pacientes com outras comorbidades são mais suscetíveis às formas mais graves da doença. Portanto, essas pessoas não devem ser vistas como responsáveis, culpadas, isso é absurdo, mas como as principais vítimas, com alto risco de desfecho letal, do qual devem ser protegidas por aqueles potenciais contaminantes, com todo esforço.

Além da letalidade, que está variando muito, há os casos graves e que necessitarão de internação, que podem chegar a 15 %, dependendo do número de infectados, arriscando o colapso do sistema de saúde, como aconteceu na Itália. Temos que levar, e muito, em conta, essa questão no Brasil; por isso é tão importante um isolamento maior neste momento, para dar TEMPO , fôlego ao nosso sistema de saúde.  Os pacientes que entram na CTI por Covid-19 ficam, em média, 14 dias. Um trabalho que será publicado, conforme o Ministério da Ciência e Tecnologia, demonstra que o uso da Cloroquina, Hidroxicloroquina, com antibióticos, reduz este tempo de internação em CTI, o que é uma ótima notícia, porém serão utilizados em casos graves, ao menos num primeiro momento, porque a dose de tratamento para coronavirus é muito próxima das doses tóxicas, com riscos cardíacos importantes.

Politizar questões de saúde é uma atitude, no mínimo, irresponsável. Medicina não é matemática, Agora, é momento de escutar e acatar as autoridades competentes para lidar com esse problema, escolhidas pelo presidente, porque confia nos seus respectivos trabalhos. É preciso, sim, avaliar os serviços essenciais, que deverão permanecer, mantendo o transporte e as condições mínimas necessárias para que aqueles que necessitam trabalhar o façam com segurança, levando em conta as  particularidades regionais.

Confio nos ministros e suas ações estão coordenadas, dando suporte e respaldo ao ministro da Saúde; portanto, quem quer que dê certo e confia no governo que elegeu, confie nas suas estratégias e diretrizes. Fora isso, é um desserviço à Nação e ao próprio governo. Estamos apenas no início desta guerra. Para enfrentar um inimigo, precisamos do mínimo de armamentos e equipamentos de proteção, para não ser uma missão suicida.  Não há como enfrentar um caos em saúde como este sem afetar drasticamente a economia, principalmente num país onde classes trabalhadoras já têm salários parcelados, há desemprego acima de 10 milhões e informalidade em torno de 38 milhões.

Não existe receita mágica e única; se houvesse, as maiores potências mundiais não estariam passando pelo mesmo problema. Na minha opinião, mais uma vez, fica o aprendizado de que PREVENÇÃO é tudo, fundamental na saúde, assim como na economia. Não se deve  gastar como se não houvesse amanhã e não se pode arriscar para “ver no que dá” em saúde.

O direito à liberdade de ir e vir, de expressão, entre outros, é fundamental, mas, neste caso, o primeiro direito fundamental que está sendo levado em conta, é o DIREITO À VIDA.

Abaixo, algumas considerações da coletiva dos Ministros da Saúde, Segurança Pública, Economia e Casa Civil, que corroboram as informações acima.

MAPA DE CONDICIONANTES PARA QUE QUALQUER MOVIMENTAÇÃO ADICIONAL SEJA REALIZADA: (Ministro Mandetta)

  1. A) Garantir que a regularidade de (Equipamento de Proteção Individual) EPIs seja confirmada (serão entregues em até 30 dias, vindos da China). Se não houver em quantidade suficiente, frente a um aumento de casos, perderemos força de trabalho (fator de barreira) . Foram comprados um total de 300 milhões, o que será suficiente por 60 dias;
  2. B) Respiradores e Ventiladores: a solução mais robusta será anunciada.
  3. C) Telemedicina e algoritmo com disparo de ligações para 125 milhões de brasileiros para mapear quem é risco, contatos e localização, necessário para o trabalho de bioestatística e avaliar demandas.
  4. D) Trabalhar com os demais Ministérios, entre eles o da Justiça (saúde prisional ) e da ECONOMIA (PROVIMENTO DE AJUDA E AUXÍLIO para suporte das medidas de contenção e de ajuda à população mais carente)

KITs teste rápido: serão realizados no 7º dia de convalescença, para avaliar anticorpo de fase aguda (IgM0 e de imunidade (IgG)

ORIENTAÇÃO DO MINISTRO DA SAÚDE: “mantenham as orientações das Secretarias estaduais e municipais de saúde, porque nós estamos nos preparando, a luta é grande, nós vamos ter que ter muita paciência e resiliência, para que a gente possa sair à frente dela”

QUANTO AO ISOLAMENTO E POSIÇÃO DA OMS (Ministro Mandetta): Precisam ser feitas considerações sobre dinâmica social, SEM ABRIR MÃO DA CIÊNCIA QUE SE TEM NO SEU ESPAÇO. “Nós não vamos fazer medidas que sejam arriscadas para o nosso povo, enquanto não tivermos condições de trabalho e enquanto nós não somos um país que não está investindo em condições para que o povo enfrente”. Os recursos da União devem, primeiro chegar à população. Considerou, obviamente, os problemas de moradia e de transporte. É necessário o trabalho de mobilidade urbana.

“Se tivermos que fazer qualquer tipo de alteração, não faltará o aspecto científico, não será sem consultar as academias” (FiOCruz, USP, Universidades Federais, o COMITÊ DE ESPECIALISTAS EM SAÚDE ), todos debruçados sobre as determinantes sociais em saúde.

O ministro Mandetta ressalta que todo o trabalho será feito com muito planejamento e no momento “vamos manter sim o máximo de distanciamento social e o máximo de permanência dentro de nossas residências de homeworking”. 

Esta situação será mantida até se chegar ao ponto se entender o quadro e haverá liberação CONFORME DADOS EPIDEMIOLÓGICOS, com trabalho de precisão.

MINISTRO BRAGA NETO: “Os ministros concordam plenamente com a posição do ministro Mandetta”.

MINISTRO MANDETTA: Sobre o retorno de 9 milhões de trabalhadores, mediante teste rápido periódico e isolamento vertical – toda sugestão é bem vinda, porém, DEVEM SER OBSERVADAS AS CONDICIONANTES e as particularidades de cada local.

MINISTRO PAULO GUEDES: estamos sob as orientações do ministro Mandetta. Haverá uma onda que pode ser desesperadora, principalmente para os menos favorecidos, para os quais o governo lançou as medidas econômicas. O governo está com a população, não deixará ninguém para trás. Vamos manter as linhas de suprimento e transporte abertas. Será trabalhado em equilíbrio entre a necessidade de isolamento e as necessidades econômicas. Os recursos liberados são para manter a economia, os empregos, mas “principalmente a vida dos brasileiros”. Portanto, há condições de obedecer ao isolamento indicado pelo Ministério da Saúde e ainda podemos avançar mais.

MINISTRO BRAGA NETO: afirma que os demais Ministros apoiam a posição do Ministro da Saúde.

Ou seja, os ministros estão alinhados.

*Fabiana Grossi Machado é graduada em Medicina pela PUCRS e médica ginecologista e ultrassonografista.

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