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O mundo pós-coronavírus e o desafio do liberalismo

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A crise gerada pela pandemia COVID-19 vai alterar significativamente as nossas vidas, as nossas relações e a forma como enxergamos o mundo. Por ter em seu nascedouro os genes de uma ditadura comunista, o aspecto político está intimamente ligado às discussões sobre a sua resolução e as formas de fazê-las. O aparente consenso entre líderes nacionais de todas as correntes ideológicas a respeito do modus operandi para diminuir os impactos e a disseminação do coronavírus resume-se a isso e nada mais.

O certo é que veremos um aumento do tamanho do Estado a níveis jamais vistos. Aliás, já começou, com as legislações proibitivas a respeito da circulação das pessoas e do funcionamento de estabelecimentos comerciais – adotadas no Brasil por governadores e prefeitos. Crises de qualquer natureza constituem uma oportunidade dourada a keynesianos, socialistas e estatistas em geral para apresentarem o dito estado de bem-estar social como modelo a ser seguido. Foi assim nas crises financeiras de 1929 e 2008, muito provavelmente será assim no mundo pós-coronavírus.

Para que não reste dúvida: teremos o socialismo como grande inimigo a ser combatido depois que a poeira baixar e a vida normalizar. Não estou a falar apenas do aspecto econômico, a estatização e os programas governamentais. Aliás, esta nem é a questão principal do socialismo. Karl Marx definia a estatização total como um objetivo a ser alcançado através de um trabalho com duração de séculos, podendo ser adiado ad infinitum. Os germes do movimento comunista estão tanto nos partidos comunistas quanto em agremiações políticas e think tanks progressistas, pois o seu grande inimigo não é o capitalismo nos moldes do livre mercado e sim a civilização ocidental cristã.

Não poderia ser diferente. O equilíbrio espiritual, intelectual e moral possibilitado pelos valores cristãos foi o que possibilitou o surgimento das maravilhas capitalistas advindas do livre mercado, jamais uma racionalização teorizada por ateus nietzschianos – como alguns liberais pensam. Sem a base civilizacional e moral que lhe deu condições de existência, o livre mercado torna-se uma abstração meramente pragmática definida e limitada pelo seu inimigo mortal, o Estado. Os almofadinhas da Escola de Frankfurt perceberam isso e advogaram pela destruição dos valores cristãos da sociedade ocidental como meio para destruir o odiado capitalismo, o que explica a adoção do progressismo moral antirreligioso como pauta sine qua non para o sucesso do programa socialista dos partidos de esquerda no mundo.

Em ditaduras comunistas – como as da China, Venezuela, Coreia do Norte e Cuba –, observamos uma forte perseguição religiosa e exemplos aos montes de assassinatos de cristãos. Em democracias liberais de países administrados pela esquerda, observamos agressivas legislações seculares e constantes violações aos direitos dos cristãos em nome da lei. Tudo isso acompanhado de poder absoluto do Estado e restrições ao próprio capitalismo. Se os liberais querem salvar o melhor sistema econômico já visto na história da humanidade, desprezar a melhor herança cultural da mesma é entregar tudo a revolucionários anticapitalistas que só promovem as maiores desgraças cometidas em nome de um mundo melhor.

O pior é que os liberais já foram feitos de trouxas em nome da economia de mercado por diversas vezes. A União Soviética conseguiu uma longa sobrevida principalmente pelo comércio com as potências ocidentais e muito dinheiro investido por grandes capitalistas apoiados por teóricos liberais, crédulos no conto do vigário da abertura política através da abertura econômica. Richard Nixon dobrou a aposta e fez os EUA reatarem relações comerciais e diplomáticas com a China na esperança de transformá-la em uma democracia liberal através da prosperidade material – e o que se viu foi o surgimento de uma riquíssima nação antiamericana controlada pela velha nomenklatura da ditadura comunista. Quando o mundo soviético caiu de podre, liberais como Francis Fukuyama cravaram o fim não só da história, como do esquerdismo em geral – e na década seguinte o movimento comunista tomou a América Latina por inteiro e o progressismo secular fez da Europa um paraíso para a invasão islâmica.

O erro é o mesmo: acreditar no fator econômico como primordial na política. Os erros em análise e estratégia dos liberais – e muitos conservadores triunfalistas – não podem ser explicados de outra maneira.

Se liberais e conservadores odeiam o Estado em suas vidas e não querem o surgimento de novos e velhos totalitarismos, é bom compreenderem a realidade para identificarem os seus reais inimigos. O socialismo será propagandeado por esquerdistas como a solução mágica para todos os problemas humanos – e o controle estatal quase absoluto será observado em muitas nações tradicionalmente patrimonialistas. O que virá no mundo após o controle do coronavírus é um tremendo desafio para todos, e em especial para o liberalismo.

E que desafio é esse? Simples: defender a economia capitalista e a liberdade do mercado junto com a civilização e os valores que possibilitaram a sua existência. É no debate cultural que reside a real batalha pela liberdade. A função de delimitar o tamanho do Estado não é da economia nem do próprio Estado, é da cultura. Compreender isso será vital para os liberais não cometerem os mesmos erros sem abrir mão dos seus princípios.

Referências:

1.http://olavodecarvalho.org/profetas-do-capitalismo-global/

2.https://www.youtube.com/watch?v=_u2lGJhrU14

3.https://renovamidia.com.br/a-antiga-guerra-comercial-entre-eua-e-china/

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Carlos Junior

Carlos Junior

É jornalista. Colunista dos portais "Renova Mídia" e a "A Tocha". Estudioso profundo da história, da política e da formação nacional do Brasil, também escreve sobre política americana.

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