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Ó mundo tão desigual

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relatório da ONG Oxfam dizendo que 1% da população detém 50% do PIB mundial encheu de bondade os corações dos amigos do povo. O deputado federal Fábio Trad (PMDB-MS), por exemplo, postou a notícia três vezes em dois dias seguidos, em sua conta no Twitter.

Já o produtor Pablo Capilé, conhecido por não redistribuir a bandas que tocam em seus festivais a parte que lhes caberia do patrocínio com dinheiro público atacou, via Facebook, “gente que acha que isso é normal, é livre mercado, é meritocracia”.

O relatório da Oxfam merece, contudo, ser lido, tanto pela parte involuntariamente cômica, como os elogios à própria autodeclarada bondade da ONG, que define há “70 anos trabalhando para combater a pobreza e a injustiça”, quanto por quando escreve certo por linhas tortas, como logo antes, na mesma página 12, ao afirmar que “os mercados não são entes autônomos e espontâneos que funcionam segundo suas próprias leis naturais. Na realidade, são construções sociais com leis estabelecidas por instituições e reguladas por governos”. De fato, como pelo mesmo acaso Capilé acertou, de fato, iniciativa privada regulada a fórceps pelos governos que tomam cinco meses de trabalho dos indivíduos de todas as faixas de renda, via impostos, e criam infindáveis dificuldades para a atividade econômica não tem mesmo nada a ver com livre mercado.

A ONG boazinha abre esse capítulo denunciando uma “Manipulação do sistema em favor das elites”. Os ungidos do bem gostam tanto de culpar uma tal ‘elite’ e de denunciar alegadas manipulações do ‘sistema’ quanto de omitir que, de fato, são uma ONG milionária (entre tantas outras, aliás), que faz parte da elite econômica e que o nº1 desta é o aparato estatal, do qual defendem a ampliação. É o máximo do paradoxo, mas a confusão é essencial para o propósito.

Como explicou o advogado Bernardo Santoro, diretor do Instituto Liberal, “provavelmente 1% da humanidade controla 99% dos Estados”.

Se o deputado está preocupado, poderia distribuir 80% de seu salário de R$ 26,7 mil, que o põe quase cinco vezes no topo – se você ganha mais de R$ 5,5 mil por mês, já está no 1% mais rico, segundo a Ricam Consultoria.

A ação faria sentido para ele agir conforme prega, mas só teria efeito além disso para quem acha que riqueza é algo estático, para ser dividido e que um só fica rico tirando de outro e que a miséria seria fruto da ganância alheia – crença mais cafona do que a letra (mais especificamente, na parte do refrão) do ex-ministro – ele próprio, aliás, um milionário morador de um apartamento gigantesco com vista para a praia de São Conrado, que cobrou cachê de R$ 600 mil para cantar no réveillon de Salvador – em uma festa organizada pela mulher dele.

Qualquer estudo razoável da história ensina que a pobreza é o estado natural do ser humano e que a riqueza precisa ser produzida, em processos que beneficiam a todos, dos quais o mais óbvio foi a Revolução Industrial, que permitiu a pobres terem uma roupa por dia, pela primeira vez.

Em um exemplo mais recente, a proporção de lares brasileiros com acesso à banda larga subiu 30% em um ano e chegou à maioria (55%), conforme pesquisa Nielsen Ibope. Isso é livre mercado e é bom para todos, menos para os que vivem de consumir dinheiro público e, por isso, não se importam com o aumento de 9,33% na carga tributária em dois anos.

*PUBLICADO ORIGINALMENTE NO JORNAL DESTAK

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João Pequeno

João Pequeno

Jornalista. Repórter e editor de Brasil do Jornal Destak, com passagens por O Dia, Jornal do Brasil, G1, Terra e Folha de S.Paulo

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