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O livre comércio na África e a influência da China

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Em 2018, líderes africanos assinam o acordo que daria vida à Área Continental Africana de Livre Comércio (ACALC). Em 2019, esse acordo torna-se oficial, sendo iniciado em janeiro deste ano e contando com a participação de 54 das 55 nações africanas (Eritreia ficou de fora). Ela é a área de livre-comércio que reúne o maior número de países do mundo e permite mudar o cenário econômico do continente negro.

O acordo eliminará 90% das tarifas de importação de mercadorias, algo que eventualmente também acontecerá com os serviços. Para o pesquisador marroquino Mohamed Moutii, da IREF, o comércio intra-africano pode ser aumentado em até 50%, dependendo do alcance dos programas de liberação econômica que ocorrerão entre os anos de 2021 e 2040. É esperado que as exportações africanas aumentem em cerca de 560 bilhões de dólares, em sua maioria em produtos manufaturados. Para o Banco Mundial, o tratado irá retirar 30 milhões de pessoas da pobreza extrema e aumentará a renda de pelo menos 68 milhões de africanos que vivem com menos de 5.5 dólares por dia.

Na verdade, a ACALC é mais do que uma área de livre comércio. O acordo inclui, além de maior liberdade para o comércio de mercadorias e serviços, também para investimentos e propriedade intelectual. Há também uma iniciativa para permitir a livre circulação de pessoas, direito à residência e um único mercado aéreo.

O grande arquiteto por trás do plano é a China, que utilizou sua influência política, diplomática e comercial para ajudar a construir o tratado, pois, para o gigante asiático, uma união econômica africana possui um enorme potencial.

Não é de hoje que a China se aproxima da África – nos últimos 30 anos, todo chanceler chinês viaja para o continente. Há muita tecnologia chinesa na região, merecendo destaque a Huawei, que detém 70% da infraestrutura 4G local, e a Transsion, fabricante de 40% dos celulares utilizados pelos africanos. Quatro anos atrás, Pequim liberou linhas de crédito de 10 bilhões de dólares para empresas chinesas que desejassem investir na África.

Para Felipe Zmoginski, “o objetivo, além de econômico, seria político, assegurando o apoio e a simpatia de nações africanas às pretensões chinesas de ser reconhecida como uma potência de influência mundial.” A China é atualmente o maior parceiro comercial da África, tendo o comércio entre ambos atingido mais de 200 bilhões de dólares em 2019.

Portanto, ao que tudo indica, o país continuará investindo no continente devido à Belt and Road Initiative – a nova rota da seda que prevê vários investimentos em infraestrutura para melhorar o comércio entre as nações da África e Eurásia.

Enquanto a China investe para uma maior integração global, temos entre nossos líderes gente com repulsa pelo país asiático. Vale lembrar que o nosso chanceler Ernesto Araújo disse ser “a favor de aliança de países para se contrapor ao poder da China no mundo”. Eduardo Bolsonaro deletou um tweet em que acusava a China de espionagem depois de ser repreendido pela Embaixada do país.

Atualmente, Botswana, localizada na África subsaariana, já possui uma renda per capita maior que a brasileira. Sua riqueza foi multiplicada por 100 em 50 anos e a receita do país é uma velha conhecida de qualquer pessoa que entende minimamente de economia: baixos impostos, dívida pública baixa, uma economia livre (34 no índice de liberdade econômica frente a 140 do Brasil) e respeito à propriedade privada. O Fórum Econômico Mundial classificou-a como o país menos corrupto da África.

Na minha infância, era comum escutar sobre brasileiros imigrando para os EUA, Europa e Japão. Hoje, 7 em cada 10 empresas abertas no Paraguai são de empreendedores brasileiros. Não vou ficar surpreso se em 2050 meus netos estiverem falando de imigrar para a África.

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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