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O Furação Harvey e os preços abusivos

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Economistas intervencionistas sustentam que os governos devem interferir nos mercados para evitar ou minorar suas ocasionais falhas.  Ao longo do tempo, a hipótese das famigeradas falhas de mercado acabou por justificar quase qualquer intromissão do governo nos assuntos econômicos. O que pouca gente enxerga é que, na maioria das vezes, as intervenções não corrigem as eventuais falhas e acabam justamente impedindo o bom funcionamento do mercado.

Muitos residentes do Texas e da Louisiana têm sofrido nos últimos dias os efeitos devastadores do furacão Harvey.  Além de todo sofrimento, alguns desses residentes agora estão sendo injustamente submetidos a mais percalços pelas mãos estúpidas e demagogas de autoridades públicas que prometem caçar e punir todo e qualquer comerciante que pratique “preços abusivos”, seja lá o que isso for.

Para evitar que as pessoas sejam vítimas de comerciantes gananciosos, a lei do Texas, como em vários outros locais dos EUA, proíbe que empresas e cidadãos cobrem “preços exorbitantes” por gasolina, comida, água, roupas e hospedagem após desastres naturais como o furacão Harvey. Ocorre que estas normas, longe de minorar o sofrimento das vítimas, acabam aprofundando ainda mais o problema da escassez, como tentarei explicar.

À primeira vista, a maioria das pessoas concorda que o aumento “abusivo” dos preços deveria ser coibido.  O argumento corrente é que seria moralmente condenável um comerciante aproveitar-se de uma situação de emergência para obter lucros exagerados.

Como diria Bastiat, isso é o que se vê.  Mas há também aspectos que não se vêem, os quais, se bem analisados sob a ótica econômica, podem nos levar a concluir que estes aumentos de preço, em circunstâncias extremas, podem ser benéficos e, quando proibidos, tendem a piorar uma situação que já é ruim.  Senão, vejamos:

Com os preços congelados, muitas pessoas serão compelidas  a comprar produtos extras só por precaução, independentemente da real necessidade. Se muita gente fizer isso, a escassez aumentará e as pessoas e empresas que mais necessitam sairão perdendo. Com os preços lá no alto, ao contrário, as pessoas que não precisam de água com tanta urgência, por exemplo, seja porque ainda têm algum estoque ou porque dispõem de produtos alternativos, evitarão ao máximo pagar o preço salgado, não por caridade ou elevado senso moral, mas por apreço a seus bolsos.  Por outro lado, esses aumentos ditos exagerados também incentivam as pessoas que puderem a economizar os produtos em estoque, evitando, por exemplo, o uso desnecessário durante o período de desabastecimento.

Finalmente, o aumento dos preços irá atrair fornecedores de estados cidades próximos, onde os preços estarão bem menos atrativos. Sem a possibilidade de cobrar “preços abusivos”, esses fornecedores distantes provavelmente não se arriscariam por lugares devastados. Em outras palavras, sem a motivação dos altos lucros, eles não colocariam mercadorias extras à disposição dos consumidores mais necessitados e dispostos a pagar mais caro por eles.

Em resumo, o aumento de preços em situações emergenciais, como é o caso das catástrofes naturais, longe de ser uma falha de mercado a ser corrigida pela mão pesada do estado, é um sintoma de que o mercado está funcionando perfeitamente bem, seja atraindo fornecedores para os locais onde a demanda é maior, seja afastando as pessoas do consumo supérfluo.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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