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O Banco Central deveria controlar a taxa de juros?

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Mateus Maciel*

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Os juros possuem um enorme poder sobre a economia de qualquer país. No Brasil e em várias nações, o Banco Central define a taxa de juros, levando em consideração a inflação, o nível de atividade econômica, o número de desempregados e etc. Reduzindo os juros, o Banco Central pode estimular o consumo e os investimentos, uma vez que tomar dinheiro empresado nos bancos fica mais barato.  Contudo, será que essa arma poderosa deveria ficar nas mãos de um órgão público?

Para que os dirigentes do BC possam ser eficientes no seu trabalho, é necessário que este seja independente do governo. Dessa forma, a política monetária fica livre de interesses políticos, principalmente em época de eleições. Entretanto, tal independência não ocorre e o Banco Central do Brasil não é uma exceção. Em 2009, para aquecer a economia que foi abalada pela crise dos Estados Unidos e da Europa, o BC reduziu a taxa SELIC para 8,75%. Essa forte queda dos juros elevou o consumo e o investimento, fazendo com que o PIB crescesse ao patamar chinês de 7,5%.

O problema é que esse crescimento ocorreu através do endividamento dos consumidores, empreendedores e, principalmente, do governo. Esse movimento de queda forçada da SELIC foi repetido entre os anos de 2011 e 2012, quando os juros chegaram ao patamar histórico de 7,25%. Como o endividamento estava alto por conta da redução forçada de 2009, o efeito sobre o crescimento foi pífio (gerando os famosos “pibinhos”), tendo o endividamento das famílias crescido ainda mais.

Com isso, é possível mostrar que um Banco Central não pode controlar a taxa de juros, pois, além de não ser completamente independente do governo, é incapaz de saber qual é a melhor taxa para a economia. Então, quem deveria controlar os juros? O mercado! Como os juros nada mais são do que o custo de pegar dinheiro emprestado (ou, em linguagem popular, “o preço do dinheiro”), estes poderiam ser definidos pelas instituições que fornecem crédito no mercado, assim como qualquer empresa estipula um preço para o seu produto. Dessa forma, cada instituição, a partir de sua análise da demanda por crédito, estipularia uma taxa de juros.

É evidente que o Banco Central não poderia atuar como emprestador de última instância das instituições financeiras. Isso porque estas acabariam por fornecer crédito de forma descontrolada, pois saberiam que teriam a garantia do BC, caso a inadimplência aumentasse. Com esse novo arranjo, os indivíduos não sofreriam por conta de decisões equivocadas e de cunho eleitoreiro de um grupo de burocratas que acreditam que seus modelos matemáticos são capazes de englobar todas as variáveis necessárias para se calcular a taxa de juros mais eficiente para a economia. O sistema econômico, portanto, não sofreria tantos solavancos como os sentidos nas últimas décadas e o crescimento seria mais sustentável.

*Estudante de economia da UERJ, colunista do site Liberzone e do Clube Farroupilha

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