O ataque à liberdade de imprensa no mundo – as “ditaduras democráticas”
BERNARDO SANTORO*
Tomou posse ontem a nova Presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, em espanhol), Elizabeth Ballantine, e é incrível a clareza de visão da nova gestora dessa tradicional sociedade em defesa da liberdade de informação.
De acordo com o Estadão, “Elizabeth Ballantine atacou ontem o que classificou de “ditaduras democráticas” na América Latina, entre as quais mencionou Argentina, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador”. Não poderia ser mais acurada essa análise.
Os países citados tem a imprensa sob forte ameaça. O ataque do governo argentino ao Grupo Clarin é conhecido, bem como sua Ley de Medios, em um ensaio para a revogação do direito de existência desse grupo.
Esse ataque é inspirado na cassação da RCTV venezuelana por Hugo Chavez. Recentemente, o Presidente Maduro ameaçou com prisão os jornalistas dissidentes.
O Brasil não fica de fora desse movimento. O marco civil da internet pode ser aprovado a qualquer momento, assim como uma nova Lei do Audiovisual, que ainda terá um artigo próprio a respeito neste blog, no momento devido. Todas essas leis vem para restringir o direito de propriedade no campo da mídia, transformando tudo em “serviço público”.
Nem mesmo os EUA estão livres dessa tendência.
Segundo a reportagem:
“A grande novidade do encontro foi a inclusão dos Estados Unidos no rol de países nos quais a atividade jornalística está sob ameaça. O governo de Barack Obama iniciou mais processos contra funcionários públicos que vazam informações confidenciais do que todas as administrações que o antecederam.
Os jornalistas sustentam que a ofensiva amedrontou fontes de informação e levou à quebra do sigilo de comunicação em redações. O caso mais gritante foi o da Associated Press, alvo de investigação sobre a fonte de reportagem de um fracassado ataque terrorista no Iemên contra um avião com destino aos Estados Unidos.”
Liberdade de imprensa é um ponto fundamental da democracia. A imprensa é um fiscalizador mais eficiente que a própria oposição de uma gestão, ao expor dados que permitem ao eleitor decidir a melhor maneira de se gerir um país e votar.
Governo que ataca imprensa possui problemas graves de anti-democracia, e todo cuidado é pouco para que não percamos nossa pouca liberdade.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL