Nós só vamos pagar meia, lá, lá, lá, lá…
BERNARDO SANTORO*
Quem é petropolitano está acostumado a pagar muito barato por um ingresso de cinema, mas tem uma coisa mais cativante nesse baixo preço do que a simples economia auferida: a resistência política ao estado interventor.
A imagem acima está na porta da entrada da principal rede de cinemas de Petrópolis, nas suas duas salas. Nessa rede, todo mundo paga meia todo dia, toda hora, o tempo todo. A promoção, que é válida por tempo “limitado”, já está rolando há pelo menos cinco anos. Com isso, na prática, caiu a lei de meia-entrada para este cinema e todo mundo paga o mesmo preço para entrar.
Que a meia-entrada é um grande engodo e uma medida populista todo mundo já sabe, e que no final quem paga meia-entrada, em regra, paga a entrada inteira, e quem paga inteira, na verdade, paga o dobro, mas o mais fantástico nesse movimento foi ver um empreendedor, através de uma interpretação da lei, tomar de volta para si o direito de escolher qual o preço que vale o produto ou serviço que presta para a sociedade, a ser pago ou não pelos consumidores de acordo com a vontade de cada um, sem a interferência do governo.
E vejam só, nesse livre-mercado arrancado a fórceps do governo, o preço máximo pago por todo petropolitano para assistir um filme é de oito reais, independentemente de credo, cor, classe social, sexo, orientação sexual ou idade, implementando, através da subversão da lei, o princípio constitucional da isonomia dos cidadãos no seu negócio.
As políticas de meia-entrada merecem um artigo mais técnico, mas por hoje fica o aplauso para um empreendedor justo e ciente do seu valor na sociedade. E que outros sigam seu exemplo.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL