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Não existe almoço grátis

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*Igor Morais

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Em meio aos anúncios de diversas ações em várias áreas da economia, o Governo tenta passar a mensagem de que estaria comprometido com políticas de ajuste tanto no campo fiscal, que é considerado o mais delicado, quanto no campo monetário. Além disso, também apontou para ações corretivas de cunho microeconômico como, por exemplo, nas concessões de subsídios fiscais ao setor produtivo e de benefícios sociais.

Três questões surgem a partir desses anúncios: 1) seriam eles suficientes para resgatar a credibilidade do Governo e também da economia?; 2) quanto tempo durarão esses ajustes?; 3) qual será o preço que a sociedade terá que pagar pelos erros do passado?

Talvez o primeiro aprendizado desse cenário seja entender, de uma vez por todas, que em economia não há almoço grátis.

Essa conta tem sido cobrada desde 2011 quando a inflação começou a disparar para níveis superiores à meta e se estabilizou ao redor de 6%. Nesse caso, os dois pagadores acabaram sendo aqueles que não conseguiram se proteger desse reajuste de preço, sendo eles aqueles de renda mais baixa e os industriais. Esses últimos afetados via perda de competitividade com os produtores externos. A seguir, uma nova conta começou a ser paga, a da excessiva valorização cambial, e que começou a ser corrigida desde 2013. A maior volatilidade da taxa de câmbio trouxe consigo um real mais desvalorizado. O resultado aqui é um pouco dicotômico, pois os exportadores conseguem compensar a perda de competitividade externa via câmbio, mas, de outro lado, a conta fica mais salgada para o resto da sociedade.

Talvez você já tenha ouvido falar da “bolsa classe média”. Com o real forte, uma boa parte da população conseguiu fazer férias em outros países e adquiriu produtos importados a preços atrativos. Dê adeus a essa bolsa. E olha que o Brasil ainda continua caro, o que sinaliza para ajustes futuros na taxa de câmbio.

Na sequência cronológica podemos ver os próximos da fila a pagar a conta. O corte de empréstimos que será feito pelo BNDES limitará o acesso de empresários a recursos subsidiados para investimentos, assim como tornará mais caro o financiamento para compra de caminhões, ônibus, tratores, máquinas e equipamentos, atingindo, em cheio, os investimentos. Além disso, o aumento de impostos junto com corte de subsídios concedidos outrora aumentará o custo de produção, gerando perda de competitividade e retração da demanda. Sim, você, consumidor, também irá pagar a conta, de novo.

Em resumo, o remédio apesar de amargo, pode contribuir para resgatar a credibilidade da economia nacional, mas não a do Governo, em posição instável. Não se esqueça de que o ano de 2015 começa com forte oposição política e muita pressão por parte da sociedade contra a corrupção congênita do nosso país e perpetuada pela situação.

A conta da má gestão econômica dos últimos anos é tão salgada que mesmo todas as ações colocadas acima não serão suficientes para resolver os problemas em apenas um ano. Portanto, esses ajustes podem (e provavelmente irão) adentrar 2016 e o preço alto a pagar, terá o poder de colocar o PIB de 2015 próximo a zero. Enfim, o Brasil fez uma baita festa e agora precisa pagar a conta. Se você não participou dela, infelizmente terá que pagar do mesmo jeito.

 

*Graduado em Ciências Econômicas pela UFU/MG, Mestre e Doutor em Economia pela UFRGS. Foi economista da FIERGS entre 1999 e 2012, atuando como economista-chefe por oito anos. Professor no programa de pós-graduação em economia da Unisinos desde 2007 e diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas do Instituto Latino-Americano de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Ilades). É o Presidente da Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE-RS).

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