Não acredite na via política, mas não a abandone
BERNARDO SANTORO*
Um das melhores percepções sociológicas da história foi realizada pelo sociólogo alemão Franz Oppenheimer, no seu livro “The State”. Segundo Oppenheimer, só existe duas possibilidades de interação humana: a voluntária, que ele chamou de mercado, e a violenta, que ele chamou de política. Através da interação humana que é possível a distribuição de bens e serviços, que pode ser feita através do acordo entre produtores e consumidores, ou através da luta entre eles.
De acordo com a Folha, desde ontem está passando na TV a nova propaganda do PT, onde o partido exorta a população a acreditar na política. O que o PT está propondo é aquilo que é o cerne do pensamento socialista: acreditar que a violência, a coação e o roubo em massa é legítimo, além de ser a melhor forma de se organizar a sociedade.
Eu ouso discordar.
A associação voluntária e pacífica, através do mercado, com respeito à soberania do indivíduo e ao direito de propriedade é a melhor forma de se organizar a sociedade, tanto do ponto de vista moral quanto econômico.
Do ponto de vista moral, todo ser humano tem essa noção fundamental de que cada um é dono de si mesmo e que ninguém tem o direito de se apoderar do seu corpo e da sua liberdade. E que os frutos do trabalho do homem e do corpo livre devem pertencer a aquele que produziu o bem. A tomada violenta desse bem é anti-civilizatória e, como diria Rothbard, uma revolta contra a natureza humana.
Essa realidade é tão evidente que a maioria dos filósofos sociais justificam o sistema político através de uma teoria voluntarista, o contrato social, de forma a tentar legitimar moralmente o sistema político.
Já do ponto de vista econômico, basta analisar índices sérios como o de liberdade econômica da Heritage Foundation, para vermos que quanto mais crente na via de mercado, maior é a prosperidade do povo e menor é a desigualdade social. Já os países que focam a via política costumam ter os piores resultados econômicos e a maior desigualdade social.
A dica que eu deixo é: acredite na via de mercado. Mas também não abandone a via política, pois, como diria Platão, “o castigo para aquele que não se envolve em política é de ser governado por seus inferiores”. A ação do agente liberal na política deve ser sempre a redução contínua e gradual da via política em prol da via de mercado.
Não acredite na política. Não acredite no PT.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL