Missão quase impossível
MARIO GUERREIRO*
Lembro-me bem daqueles tempos em que Enéas Carneiro era médico e se tornou candidato a Presidente. Num de seus inflamados discursos na TV, ele disse, mais ou menos isto:
“Os médicos só querem ficar nos grandes centros urbanos, não querem ir para o interior do País. Isto é um absurdo!!! Se eleito for, vou mandá-los para o interior!” [Só me pergunto por que ele nunca foi?!]
Como Enéas era médico, inclusive do SUS, não podia desconhecer a precariedade dos postos médicos nos grandes centros, maior ainda nas pequenas cidades do interior. De onde se conclui que sua afirmação autoritária era mesmo pura demagogia. (Tertium non datur).
Por incrível que pareça, em 2013, a ventríloqua Dilma – falando com seu boneco no colo – para amenizar os protestos das marchas de junho-julho, propôs a mesma coisa que Enéas. Unbelievable!
Neste particular, Marx estava certo: a História se repete, só que a primeira vez é tragédia, mas a segunda, farsa. E a terceira só poderá ser comédia pastelão…
O mais bem preparado médico do mundo nada pode fazer em centros de saúde que carecem totalmente de instrumentos de trabalho.
A média de médicos por habitantes no Brasil satisfaz as exigências da OMS (Organização Mundial de Saúde), mas se eles se concentram nos grandes centros, é porque encontram melhores condições de trabalho e melhores salários.
Que idiota quer ganhar menos e ser um profissional frustrado por falta de condições para o exercício de sua profissão?” É ruim, hein?!
Como dizia um antigo Ministro da Saúde: “O Brasil é um vasto hospital sem hospitais”.
