MEC tenta consertar, com dinheiro, incentivos ruins criados pelo próprio governo
BERNARDO SANTORO*
O Correio Braziliense destaca que o MEC anunciou benefício de R$ 150 para estimular o aluno do ensino médio a seguir carreira de professor em disciplinas com déficit de pessoal, basicamente as áreas de ciências exatas.
De acordo com o ministro Aloizio Mercadante, a proposta visa a estimular o estudante que gosta de matemática, física e química a manter o interesse e investir na carreira de professor. A pasta oferecerá 30 mil bolsas, mas o objetivo é chegar a 100 mil.
Mas de onde vem esse déficit? Meu argumento é que tem dedo do governo nessa história.
Como já escrevi em outro post, o Brasil tem hoje mais de um milhão e meio de alunos matriculados em cursos de administração e direito, que são os mais procurados. Isso porque o Brasil está se especializando em burocracia. A máquina governamental demanda muitos profissionais de administração e direito, para regular atividades mais produtivas, como engenharia, economia, medicina, carreiras de professor, entre outros.
A máquina burocrática e as vantagens típicas do serviço público levam os jovens oriundos do segundo grau a buscar as carreiras típicas dos bons e estáveis empregos estatais. Não por coincidência, a única carreira estatal que exige terceiro grau e paga abaixo da média, a de professor, acaba por não ser estimulada, gerando esse déficit de profissionais.
Isso apenas corrobora a ideia de que é o serviço público que está criando uma distorção no mercado de trabalho brasileiro.
Criar bolsas para incentivar jovens a ir para carreiras não burocráticas apenas reforça esse sistema distorcido, retirando de setores produtivos da sociedade, via impostos, recursos para o fim destinado, sem combater as causas da distorção.
Se o governo realmente quer estimular os jovens a não ir para a burocracia, eu tenho uma ideia meio louca que pode funcionar: reduza cargos e privilégios do serviço público. Podem confiar que em pouco tempo teremos vários engenheiros, professores e médicos ao invés de burocratas.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL