Massacre no Egito. VP renuncia. Governo decreta estado de emergência
LIGIA FILGUEIRAS*
VP do Egito renuncia em protesto contra ataques da polícia**
O vice-presidente do Egito e líder pró-reforma, Mohamed El-Baradei, pediu demissão hoje em protesto contra as agressões policiais que levaram à morte mais de cem manifestantes partidários do presidente deposto, acampados em praças do Cairo.
Governo confirma ao menos 235 mortos após confrontos no Egito
El-Baradei apresentou sua renúncia nesta quarta-feira em carta ao presidente interino Adly Mansour. Uma cópia foi enviada para a Associated Press.
Ele diz que não está preparado para ser responsável por uma “gota de sangue sequer”, e adverte que a violência vai gerar mais violência e que o país está mais polarizado do que estava quando assumiu o cargo.
El-Baradei foi nomeado vice de Mansour para as Relações Exteriores no mês passado.
** [ASSOCIATED PRESS]
O número de mortos no Cairo subiu para 163 depois do ataque da polícia sobre os manifestantes antigolpe. Mais de 5.000 ficaram feridos. **
Os números divulgados no início da manhã [horário de Brasília] são do Centro de Imprensa al-Rabaa Adawiya. Os primeiros socorros foram feitos pelos próprios manifestantes nas praças. As forças de segurança egípcias começaram a dispersar os manifestantes antigolpe de Estado na Praça Rabaa al-Adawiya, na capital do Cairo, nesta manhã, abrindo fogo de snipers. As praças ficaram cobertas de fumaça.
As transmissões de TV ao vivo foram cortadas, e as linhas de comunicação, bloqueadas. Helicópteros sobrevoavam as praças. Panfletos incitando mulheres e crianças a deixarem as praças foram jogados de helicópteros. Os folhetos informavam que a segurança dos que saíssem das praças seria assegurada. As tendas na praça al-Nahda foram destruídas pelas forças de segurança que chegaram com o reforço de unidades armadas. No menor dos acampamentos dos manifestantes, na Praça Nahda, em Giza, um médico do hospital local disse que pelo menos quatro pessoas foram mortas no ataque. Testemunhas disseram que três corpos carbonizados foram encontrados no parque Urman, nas proximidades, que pegou fogo durante a dispersão.
** [PLATFORM FOR GLOBAL CHANGE]
Estado de Emergência
O governo declarou estado de emergência diante do aumento do número de mortos. A declaração oficial pela TV dizia que terá a duração de um mês. O presidente interino Adli Mansour pediu que o Exército desse apoio à polícia para manter a segurança e proteger a vida das pessoas. O ministro da Saúde disse que pelos menos 95 pessoas foram mortas em todo o país depois que as forças de segurança estouraram dois acampamentos de manifestantes que apoiam o presidente muçulmano deposto Muhammad Morsi. A Irmandade Muçulmana de Morsi diz que o índice de mortos chega a 2.200. Morsi foi deposto e preso pelos militares nos dia 3 de julho depois de grandes manifestações populares em protesto contra ele.
Veja a matéria da Radio Free Europe / Radio Liberty]
O que a CNN mostra: a entrada das forças de segurança nos acampamentos dos manifestantes.
Para a BBC são, pelo menos, 278 mortos.
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