Manter também é crescer
ARTHUR CHAGAS DINIZ*
Todo administrador consciente sabe que, antes de distribuir dividendos a seus acionistas e, mesmo, de ampliar edificações, tem que considerar, não apenas pelo lado fiscal, que todo ativo imobilizado é objeto de depreciação. Até mesmo os cidadãos têm consciência de que, se não investirem na manutenção de suas residências, em períodos que variam entre 20 e 30 anos, os imóveis sofrerão enorme depreciação.
O governo, seja em nível federal, estadual ou municipal, é responsável por enormes ativos imobilizados representados por ruas e estradas, maquinário, instalações portuárias, terrestres, aeroportuárias, além de instalações hospitalares e seus equipamentos, uma multiforme frota de veículos, enfim, toda a sorte de imóveis e equipamentos.
Recentemente, relatório de responsáveis pelas rodovias mostrou que, com exceção das estradas concessionadas, o índice de qualidade de nossas rodovias deixa a desejar. A concessão é um dos caminhos que poder ser adotado para rodovias com tráfego elevado de veículos.
Outro componente importante do desgaste acelerado das rodovias é o excesso de carga por eixo de veículo, dado que a maior parte das estradas não tem equipamento para medição de peso e uma parcela apreciável dos responsáveis pela pesagem é corrompida.
Assim, quando se examinam os PACs , Planos de Aceleração do Crescimento, não há nenhuma referência a reparação, reconstrução ou algo semelhante. Exemplo síntese dessa desfaçatez foi o que aconteceu, recentemente, com a Ponte dos Remédios sobre o rio Tietê, em São Paulo. Caíram pedaços da ponte e parte das guias que dão segurança aos pedestres. No entanto, o que gera mídia e prestígio para o administrador é o Rodoanel.
Tal como no PAC federal, São Paulo preocupa-se em expandir e esquece-se de manter o que existe. É preciso compreender que manter o que existe é também crescer.
*PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL
Ref. imagem: Ponte dos Remédios antes do desabamento. Wikipédia
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