Bolsonaro é página virada e seu governo, cuja mácula jamais será esquecida, já não mais existe. É tempo de lembrar que os holofotes devem agora estar virados para o governo de plantão e que este governo merece toda a suspeição e rejeição que por diferentes razões a ele devotamos.

O PT não é encarnação da democracia, tampouco está comprometido com a liberdade de expressão. A criação de um órgão com claras características orwellianas é mais uma das muitas provas disso, com o adendo de que não é exagero pensar que a coisa funcionará para oficializar os reiterados vilipêndios do Judiciário contra a liberdade de expressão. A diferença está no tratamento. As pretensões autoritárias, quando vêm da esquerda, encontram no máximo críticas tímidas de editoriais país afora, com honrosas exceções.

Não nos enganemos e não nivelemos por baixo o que se deve esperar de um governo, com base na experiência anterior. Também não nos esqueçamos do histórico daqueles que agora estão no poder.  As pretensões autoritárias do PT e seus asseclas devem ser combatidas com todas as forças institucionais possíveis. No campo da retórica, não podemos ser também econômicos e é aí que temos que bater mais forte. Não sou dado a maniqueísmos políticos e não acredito que um partido ou personalidade seja a encarnação do mal ou do bem, porém, havendo algo como o mal, como todos, independente de inclinações religiosas, ou não-religiosas, parecem crer que há, não tenho pudor em dizer que o projeto de poder petista nele gravita.

E que me acusem de relativista cultural ou qualquer outra baboseira do gênero por equivaler a democracia liberal a algo bom e positivo em detrimento de alternativas iliberais. Qualquer estado civilizatório desejável em nossa era passa por uma garantia irrenunciável da livre expressão, sem espezinhamentos de burocratas de plantão, vistam eles togas ou tenham já vestido o macacão de presidiário.