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No lugar de ficar indignada, peça desculpas aos padeiros, dona Graça

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A presidente da Petrobras, Graça Foster, em depoimento na CPMI do Congresso Nacional, mostrou-se indignada com a expressão “conta de padeiro”, utilizada para definir o famigerado orçamento da construção da refinaria Abreu de Lima, inicialmente prevista para custar R$ 2,5 bilhões e posteriormente revista para um total de R$ 18,5 bilhões.

Depois de ter afirmado que os custos da malfadada refinaria foram levantados com todo rigor técnico, a senhora Foster declarou, com a voz embargada:

“Nós não aceitamos que tenhamos feito as contas de qualquer maneira. Eu me nego a repetir essa palavra [padeiro], acho medonha em respeito à Petrobras. A diretoria é digna e temos que trabalhar exaustivamente na engenharia da Petrobras [interrompe a fala]. Temos equipes fazendo termoelétricas, gasodutos. Não concordo, definitivamente, que possa atribuir à engenharia da Petrobras essa condição”.

Com todo respeito, senhora Foster, são os padeiros que deveriam estar indignados com tal analogia, usada pela primeira vez, diga-se de passagem, exatamente por um ex-diretor da petroleira – o notório Paulo Roberto Costa.  Mesmo sem o auxílio de equipamentos eletrônicos sofisticados, de equipes de engenheiros “altamente qualificados” e utilizando apenas lápis e papel de pão, os bons padeiros jamais errariam um orçamento de custos por margem superior a 600%.

Alegam os responsáveis pelo “equívoco” que os cálculos foram feitos às pressas, utilizando métodos heterodoxos e aproximações, como estimativa de custo por barril de óleo processado.  Fala-se ainda que os custos divulgadas foram “calculados” antes que os respectivos projetos estivessem prontos, obedecendo a urgência dos políticos à época, muito mais interessados em montar palanques do que no rigor econômico-financeiro que deveria pautar qualquer investimento, em especial um investimento desse porte.

Que se administre uma empresa do porte da Petrobras apenas com foco na politicagem é lamentável, sem dúvida, mas nada justifica um erro de tamanha envergadura.  Profissionais treinados e competentes, mesmo diante de estimativas genéricas e superficiais, jamais poderiam errar tanto.  Qualquer bom orçamentista da construção civil, por exemplo, é capaz de estimar, com razoável grau precisão, o custo de uma obra pelo seu tipo e tamanho. Se os bons profissionais da Petrobras são incapazes disso, nunca deveriam ter “chutado” um número tão distante da realidade.

Portanto, dona Graça, no lugar de ficar indignada, a senhora deveria é vir a público pedir desculpas aos padeiros brasileiros pela injusta e infame comparação feita pelo ex-diretor da empresa que a senhora dirige.  Seria a coisa mais digna a fazer.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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