BERNARDO SANTORO*

O líder da Al-Qaeda, al-Zawahiri divulgou ontem um novo manual de condutas para terroristas muçulmanos. Embora tenha muito de politicagem no seu conteúdo, uma parte da reportagem me chamou a atenção.

Segundo o Globo, “uma outra mensagem atribuída ao líder da Al-Qaeda incitava ataques individuais dentro do território americano, com a alegação de que, ao estimular os altos investimentos dos EUA em segurança, o grupo estaria contribuindo para o endividamento do país e fazendo sangrar sua economia“.

Uma das grandes bandeiras do movimento liberal americano (lá chamado de “libertário” pelo fato dos socialistas terem sequestrado a palavra “liberal”) é a redução maciça de gastos militares e o não-engajamento dos EUA em questões militares que não interessam diretamente a este país, pois a economia americana não suportaria mais esses gastos.

Esse é, inclusive, o principal argumento dos liberais americanos para que o país não se envolva na guerra civil síria.

Um site muito interessante para se constatar o problema da dívida fiscal americana é o US Debt Clock. Nele podemos conferir que o país está próximo dos 17 bilhões de dólares em dívidas e que o dinheiro disponibilizado para o setor militar é o terceiro maior do país, perdendo apenas para os setores de saúde e previdência.

Isto posto, é muito interessante ver que o terrorista tem plena consciência de que, para os EUA, o dano fiscal do gasto militar é muito maior do que o dano físico que a ação terrorista causará. O terrorista, que entende de gestão mais que o Obama, já não se importa com o tamanho do dano do seu ato, mas sim o tamanho do rombo nas contas públicas que o medo criado por ele causa.

Se os EUA realmente quiserem voltar a ser a terra da liberdade, terão de repensar essa gestão temerária ultra-gastadora de recursos públicos e passar a intervir apenas pontualmente. Até seus inimigos já perceberam que a relação custo-benefício dos gastos militares já não compensa para a América.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL