THE NEW YORK TIMES*

O governo do Iraque revogou no domingo as licenças de funcionamento da Al Jazeera e outros nove canais de televisão, dizendo que eles estavam incitando o conflito sectário.

Todos, exceto um dos canais, estão alinhados com os financiadores sunitas, e o gesto foi amplamente percebido como uma repressão aos dissidentes por parte do governo liderado pelos xiitas, que vem enfrentando uma rebelião sunita cada vez mais violenta. A decisão não vai banir os canais das ondas de transmissão: como canais de satélite com base no exterior, eles estão fora do alcance do governo iraquiano. Mas proíbe que os jornalistas desses canais transmitam suas reportagens de dentro do Iraque.

Na tarde de domingo, a normalmente agitada redação de um dos canais, a TV Bagdá, estava silenciosa. Riad Barazanji, o diretor da estação, que tem ligações com o Partido Islâmico Iraquiano e com alguns líderes sunitas, disse que falou aos repórteres do canal: “Esta é uma boa oportunidade para vocês irem para casa e verem sua mulher e filhos, depois de tanto tempo cobrindo as rebeliões”.

O edital emitido pela comissão de mídia do Iraque, que tem ampla autoridade para regular sobre quem tem permissão para exercer o jornalismo e sobre as informações que são divulgadas, englobou uma série de canais, muitos dos quais cobriam agressivamente o movimento de protesto sunita no Iraque. Entre os canais estão a Al Jazeera, a rede pan-árabe baseada no Qatar, e a TV Sharqiya, que tem uma grande audiência entre os sunitas do Iraque. Tem sede em Dubai e é de propriedade de Saad al-Bazzaz, um rico empresário iraquiano. Apenas um dos canais está alinhado com a comunidade xiita: Anwar 2, com sede no Kuwait, mas pertence a uma família iraniana. Muitas vezes divulga teorias de conspiração sobre o envolvimento de países vizinhos sunitas nos assuntos internos do Iraque.

FONTE DA IMAGEM: PGC / NEW YORK TIMES

TRADUÇÃO / EDIÇÃO: LIGIA FILGUEIRAS