IPCC admite erros, mas insiste no catastrofismo

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JOÃO LUIZ MAUAD *

O jornal inglês The Daily Mail obteve um rascunho da versão final do relatório a ser publicado ainda este mês pelo Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança Climática (IPCC) , cujas avaliações, a cada seis anos, são aceitas mundo afora como o evangelho das ciências climáticas.

O resumo, de 31 páginas, que serve de base para as políticas públicas em todo o mundo, é baseado em uma análise técnica mais ampla, de quase 2.000 páginas. Surpreendentemente, os cientistas do IPCC parecem começar a aceitar que seus modelos computadorizados de previsão podem ter errado, exagerando o efeito do aumento das emissões de carbono nas temperaturas terrestres.

O relatório vazado faz uma concessão extraordinária, por exemplo, ao admitir que o planeta está aquecendo a uma taxa de apenas 60% da reivindicada pelo próprio IPCC em sua última avaliação, publicada em 2007. Naquela oportunidade, eles diziam que a taxa de aquecimento global era de 0.2°C por década. O novo relatório diz que o verdadeiro índice, medido desde 1951, foi de apenas 0.12°C por década.

Além disso, o relatório atual parece admitir que, desde 1997, estamos em meio a uma pausa no aquecimento global, além de reconhecer que seus modelos não a previram, embora não expliquem por que isso vem ocorrendo.

Outra novidade é a admissão de que várias partes do globo já foram tão quentes quanto hoje, no período compreendido entre 950 e 1250 dC – portanto, alguns séculos antes da Revolução Industrial, quando os níveis populacionais e, principalmente, de CO2 na atmosfera eram muito menores.

Para completar, o IPCC admite que, enquanto os modelos de computador previam uma queda acentuada na calota de gelo do mar da Antártida , ela tem, ao contrário, crescido em níveis recordes . Mais uma vez, o IPCC não soube ou não quis dizer o porquê.

Infelizmente, o relatório é omisso no que se refere a furacões.  No relatório de 2007, por exemplo, os cientistas garantiram que eles se tornariam mais intensos, porém, o fato é que encontramo-nos hoje numa das temporadas mais tranquilas da história – já são quase oito anos sem um único furacão de categoria 3 ou superior no Atlântico-Norte.

Apesar das muitas incertezas e reviravoltas contidas no relatório a ser divulgado, ainda assim o tom das conclusões é nitidamente catastrofista.  Ele insiste que a culpa pelo aquecimento global é principalmente humana e que o mundo vai continuar a esquentar indefinidamente, provocando inundações, secas e o desaparecimento da calota de gelo do Ártico – a menos, é claro, que haja medidas drásticas para conter os gases de efeito estufa.

Em artigo recente para o Wall Street Journal sobre o mesmo tema, Matt Ridlley também analisa o relatório “vazado”, dando ênfase especial às previsões de aumento das temperaturas globais nos próximos 70 anos.  Diz Riddley:

Especificamente, o relatório diz que o eventual aquecimento induzido por uma duplicação do dióxido de carbono na atmosfera – o que leva centenas de anos para ocorrer – é “extremamente provável” que fique acima de 1°C, “provável” que fique acima de 1,5°C, e “muito provável” que seja inferior a 6°C. Em 2007, o relatório diziaque era “provável” que ficasse acima de 2°C e “muito provável” que ficasse acima de 1,5°C, sem limite superior. Desde que “extremamente” e “muito” têm significados estatísticos específicos diferentes, a comparação é difícil.

Na verdade, longe de ser algo catastrófico, as últimas previsões são um alento para a humanidade.  De acordo com Riddley, a maioria dos especialistas acredita que o aquecimento de menos de 2°C em relação aos níveis pré-industriais resultará em ganhos econômicos e ecológicos líquidos. Portanto, o novo relatório estaria efetivamente dizendo (com base no meio da faixa de cenários prováveis) que há 50% de chance de que, por volta de2083, os benefícios da mudança climática superem os danos.

Um aquecimento de até 1,2°C nos próximos 70 anos (0,8°C já ocorreram), a maior parte prevista para acontecer em locais frios, no inverno e durante a noite, equivaleria a ampliar a área agricultável nos locais mais ao norte, melhorar o rendimento das culturas, aumentar os índices pluviométricos (especialmente em regiões áridas), aumentar o crescimento das florestas e reduzir a mortalidade de inverno (que supera a de verão, na maioria dos lugares). O aumento dos níveis de dióxido de carbono também causaria um aumento nas taxas de crescimento das culturas e tornaria a Terra mais verde, porque as plantas crescem mais rapidamente e precisam de menos água quando as concentrações de dióxido de carbono são mais elevadas.

Será que realmente vale à pena abrir mão dessa dádiva que são os combustíveis fósseis, empobrecendo bilhões de pessoas e relegando à miséria outros tantos, por conta de previsões de aumento de temperatura que, muito provavelmente, trarão mais benefícios do que danos?

* ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

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