O dia 24 de agosto na história do Brasil
Há 70 anos, suicidava-se o presidente Getúlio Vargas (1882-1954).
“Vargas tentava desdenhar de tudo, dizendo que os mentirosos estavam semeando a anarquia, ao que Afonso Arinos respondeu indagando se a mentira era o atentado de Tonelero, o escândalo da Última Hora, a submissão a Perón ou a corrupção nas licenças de importação junto ao Banco do Brasil.
Clamou, em seu histórico discurso, para que o ‘ex-ditador’ reconhecesse ser seu governo ‘um estuário de lama, um estuário de sangue’. Manifestações se multiplicaram, algumas insufladas pelos comunistas, que já bradavam tanto contra Vargas quanto contra a UDN.
Os militares já estavam se inclinando a exigir a renúncia de Getúlio – afinal, um dos seus fora morto por bandidos contratados pela guarda presidencial e agora o país estava em tensão definitiva. Trinta brigadeiros assinaram um documento exigindo a renúncia depois que o oficialato concordou com apelo nesse sentido, feito pelo brigadeiro Eduardo Gomes.
Era o fim. No entanto, o presidente tinha uma última cartada – literalmente a última – e cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954.” (Lacerda: A Virtude da Polêmica, LVM Editora, p. 208)
“Um tiro no peito, em seu quarto, no Palácio do Catete, silenciou o maior líder de nossa República: Getúlio Dornelles Vargas. Maior, apressamo-nos em dizer, quanto à abrangência de suas ações e o impacto exercido, não quanto a seus méritos e valores. Disse Nelson Rodrigues (1912-1980), em seu A Menina sem estrelas, que o clima político, hostil ao então presidente eleito (que, por 15 anos, havia sido um ditador que rasgou mais de uma Constituição para se perpetuar no poder), se transformara completamente. Canalizando a oposição, Lacerda, de tribuno aclamado, passava, aos olhos de muitos, a ‘assassino de um suicida’.” (Idem, p. 39)