Guerra entre gerações
RODRIGO CONSTANTINO *
O Papa Francisco está no Brasil para falar da juventude. Esse foi o tema da coluna de Miriam Leitão hoje no GLOBO. Os jovens sofrem com a falta de um futuro promissor como nunca antes visto. Há o problema cultural, de degradação de valores, e há os riscos de violência. Sem falar da questão gravíssima do desemprego. Esse foi, aliás, o foco do artigo da colunista. Curiosamente, ela não cita o welfare state uma única vez. Vamos aos fatos:
O desemprego de jovens chega ao ponto calamitoso de 54% na Espanha. Na Grécia, quase 60%, em Portugal, 42%. A média da Europa supera 20%. Fora dessa devastação, só a Alemanha, com 7%, um número melhor do que o do Brasil, que, em maio, registrou 13,6% de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos. A taxa geral do país foi 5,8%.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou um estudo recente mostrando que a taxa mundial de desemprego entre quem tem 15 e 24 anos está em 12,6%. Ao todo, são 73,4 milhões de jovens sem emprego. Como as estatísticas só registram os que procuram trabalho, o número é pior porque muitos jovens nem procuraram. O desalento, a gravidez precoce, as drogas são algumas das causas. Um estudo do Ipea registra que em 2010 havia oito milhões e oitocentos mil jovens brasileiros, de 15 a 29 anos, que nem estudavam nem trabalhavam.
Mas por que esse desemprego tão alto, especialmente entre os jovens? A jornalista não arrisca uma resposta, e não menciona “estado de bem-estar social” hora alguma. Só que esse é o cerne da questão: os países desenvolvidos vivem, atualmente, uma guerra entre gerações, e os jovens saem perdendo. Principalmente quando a demografia joga contra.