Fiasco sindical ou vitória golpista?

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RODRIGO CONSTANTINO *

Muitos celebraram a perda da hegemonia da esquerda nas ruas, após o fiasco em termos de público das passeatas organizadas pelas centrais sindicais. Será que foi precipitado demais fazer isso? O único artigo que vi alertando em direção contrária foi do Coronel Marco Balbi. Nele, o autor diz:

A análise que faço é que as manifestações de ontem obtiveram pleno êxito por quem a convocou. Não a CUT, a Força Sindical, ou qualquer outra organização desta natureza, mas o comando geral do PT e seus asseclas, sua face oculta. E por que? Vou explicar!
Desde as vésperas do dia 11 de julho o assunto já circulava em toda a mídia e nas redes sociais. Vai ter greve, não vai ter greve, o que vai acontecer? O resultado foi a criação de um clima de grande intranquilidade para toda a sociedade. Pessoas alteraram suas rotinas, modificaram seus compromissos e o resultado foi que cerca de 150 das principais cidades brasileiras em 22 estados e no DF viveram um dia de feriado. Em algumas os transportes públicos não funcionaram; em outras os professores fizeram greve e os alunos ficaram em casa; em outras o comércio funcionou a meia-boca e muitas outras ocorrências.

[…]

Ocorreu ainda, o que reputo até de maior gravidade, a interdição em 66 rodovias, em 18 estados. Em diferentes horas, por períodos os mais variados e com as mais diversas motivações. Até os sem terra e os sem teto reapareceram. Alguém contabilizou o prejuízo econômico que isto representou? Portos foram interditados e um navio invadido e assim permanecia enquanto escrevo este texto. Propriedades públicas e privadas foram invadidas! E o direito de propriedade? E o direito de ir e vir? Ou vocês acreditam na pose indignada de Dilma e do Cardozo afirmando que não permitiriam tal estado de coisas?

[…]

Assim, considero que ontem foi feito um teste e ele teve êxito. Lições serão colhidas pelos organizadores para, se for o caso, ou quando for o caso, aplicarem para valer.

São pontos pertinentes. E vão ao encontro das declarações dos próprios sindicalistas. Hoje mesmo, no GLOBO, José Maria de Almeida, presidente da Conlutas, resumiu sua visão acerca do êxito do evento: “Buscamos parar fábricas e empresas, pois a participação dos trabalhadores é para mexer com a estrutura econômica”. Sincero o homem. O objetivo deles é testar o poder de paralisar a economia, quiçá o país inteiro. E esse teste foi bem sucedido, pela ótica deles.

Claro que podemos estar diante de uma racionalização psicológica. Rui Falcão, presidente do PT, disse que os militantes não foram às ruas porque agora estão empregados. Pode ser tudo fruto da negação de que perderam o controle das ruas, e estão justificando para si mesmos, acima de tudo, que isso não importa, ou tem razões “nobres”. Mas pode ser que os sindicalistas tenham sido sinceros, e que o seu foco seja realmente testar esse poder de parar o Brasil.

Pergunto: quem é que tem militantes pagos, dispostos a obedecer uma ordem centralizada para sair em cada rodovia importante, em cada rua importante do país, e impedir o livre acesso das pessoas? Quem controla CUT, UGT, UNE e MST? Se amanhã o PT perder nas urnas o poder, e quiser alegar um “golpe”, ele tem ou não o poder de inviabilizar o funcionamento da economia brasileira por meio desses braços sindicais, estudantis e guerrilheiros? Pois é…

* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL

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