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Farinha pouca, meu pirão primeiro

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Imaginem a seguinte situação.  Numa empresa em crise, a diretoria convoca uma reunião para debater os problemas.  Um dos diretores informa que será necessário reduzir custos de forma drástica, o que exigirá sacrifício de todos.  Aproveita o ensejo e, ato contínuo, resolve pedir aumentos de salários para o seu departamento.

Não faz sentido, certo? Numa empresa séria, este cidadão provavelmente seria demitido.

Agora, vejam esta notícia, do Estadão:

Insatisfeitos com o desempenho da economia, representantes de associações do setor da construção civil no País lançaram, nesta quarta-feira, 23, um manifesto com pedidos de reforma na política econômica do País, além de reivindicações específicas para o mercado imobiliário. Entre as principais bandeiras está a transformação do Minha Casa, Minha Vida em uma política permanente de Estado, em vez de um programa passageiro de governo.

(…)

Dentre os itens que constam no manifesto está o pedido para que a inflação anual seja reduzida da faixa de 5,0% a 6,0% para 3,0% nos próximos 10 anos, além do pedido para que a carga tributária seja cortada de 36,5% para 25% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos 15 anos. O documento também cobra o fim da bitributação do ICMS e do ISS, revisão da legislação trabalhista, manutenção das desonerações na folha de pagamentos e simplificação na cobrança de impostos, dentre outros itens de uma extensa lista. “O clima é de incerteza devido à falta de reformas por parte do governo”, destaca outro trecho do manifesto.

Minha primeira impressão, tão logo pus os olhos nessa matéria, foi de que estava diante de um caso clássico de dissonância cognitiva, uma expressão que se refere ao conflito entre duas ideias, crenças ou opiniões incompatíveis. Ocorre que, de acordo com os especialistas, a consciência ou a percepção dessas contradições costumam tomar a forma de ansiedade, culpa, vergonha, fúria, embaraço, stress e outros estados emocionais negativos. 

Como as lideranças que assinaram o manifesto não demonstraram quaisquer dos sentimentos e/ou estados emocionais acima mencionados, das duas uma: ou ainda não se deram conta da eventual incompatibilidade entre suas reivindicações (a redução drástica da carga tributária e a institucionalização de programas extraordinários de governo, como o “Minha Casa, Minha Vida”), ou, o que é mais provável, o tal manifesto – exceto  pela reivindicação específica do setor – é apenas para inglês ver.

E assim caminha o capitalismo tupiniquim…

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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