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Ex membro do Greenpeace fala ao Senado americano sobre aquecimento global

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A página de ciência do Globo nos brinda hoje com mais uma reportagem bombástica sobre o aquecimento global.  Como sempre, muito catastrofismo e muito pouco conteúdo.  O intuito, para não variar, é disseminar o medo nas pessoas.  Faz parte da estratégia de produzir consensos, ainda que a boa ciência nunca evolua à base de consensos, mas principalmente de dissensos.

Então, o que melhor podemos fazer em prol da verdade científica é dar voz ao outro lado.  Abaixo, transcrevo (em tradução livre) o testemunho do Dr. Patrick Moore, um ex-fundador do Greenpeace, perante o Comitê Ambiental do Senado Americano, no último dia 25 de fevereiro.

 

Obrigado pela oportunidade de testemunhar na audiência de hoje.

Em 1971, como um estudante de pós-graduação em ecologia, entrei para um grupo ativista que se reunia no porão de uma igreja em Vancouver, Canadá, e naveguei num pequeno barco através do Pacífico para protestar contra os testes americanos da bomba de hidrogênio, no Alasca. Tornamo-nos [posteriormente] o Greenpeace.

 Depois de 15 anos na Comissão superior, fui obrigado a abandonar aquela organização quando ela deu uma guinada brusca para a esquerda e começou a adotar políticas que eu não podia aceitar da minha perspectiva científica.  As Mudanças Climáticas não eram um problema quando eu abandonei o Greenpeace, mas certamente são agora.

 Não há nenhuma prova científica de que as emissões humanas de dióxido de carbono (CO2) são as causas dominantes do aquecimento da atmosfera terrestre ao longo dos últimos 100 anos. Se houvesse uma só prova, isso seria escrito aqui para que todos pudessem ler. Mas tal prova, pelo menos como a ciência entende uma prova, não existe.

 O Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC) estabelece: “é extremamente provável que a influência humana seja a causa dominante do aquecimento observado desde meados do século XX.”

“Extremamente provável” não é um termo científico, mas um julgamento, como em um tribunal.  O IPCC define “extremamente provável” como uma “probabilidade de 95-100%”. Mas estes números não são o resultado de qualquer cálculo matemático ou análise estatística. Eles têm sido “inventados” como uma construção dentro do Relatório do IPCC para expressar “um julgamento especializado”, conforme determinado pelos mantenedores.

Estes julgamentos são baseados, quase inteiramente, em resultados de sofisticados modelos de computador, projetados para predizer o futuro do clima global. Como foi mencionado por muitos observadores, incluindo o Dr. Freeman Dyson, do Princeton Institute for Advanced Studies, um modelo de computador não é uma bola de cristal. Por mais sofisticado que ele possa ser, não podemos prever o futuro através m um modelo de computador mais do que nós podemos fazer predições com bolas de cristal, ao atirar ossos, ou apelando para os deuses.

Talvez a maneira mais simples de expor a falácia da “certeza extrema” seja olhar para os registros históricos. Com eles, temos algum grau de certeza em relação às previsões do futuro. Quando a vida moderna evoluiu, mais de 500 milhões anos atrás, [as concentrações de] CO2 eram mais de 10 vezes superiores ao que são hoje, e a vida floresceu. Então, uma Era Glacial sobreveio, 450 milhões anos atrás, quando os níveis de CO2 eram 10 vezes maiores do que são hoje. Há alguma correlação, mas pouca evidência, para apoiar uma causalidade direta entre CO2 e temperaturas globais através dos milênios. O fato de que tivemos tanto temperaturas mais altas como uma idade de gelo quando as emissões de CO2 eram 10 vezes maiores do que são hoje fundamentalmente contradiz a certeza de que as emissões de CO2 causadas pelo homem são a principal causa do [atual] aquecimento global.

Hoje, continuamos vivendo no que é essencialmente ainda a idade do gelo Pleistocênica, com uma temperatura média global de 14.5 C.  Para se ter uma ideia do que isso significa, as temperaturas médias durante os períodos de máxima glaciação desta Idade do Gelo eram de 12º C, enquanto durante as Eras de Estufa eram de até 22º C. Nesse período, não havia sequer gelo nos pólos ou em qualquer outra parte da Terra. Recentemente, há menos de 5 milhões de anos atrás, as Ilhas do Ártico canadense eram completamente arborizadas. Atualmente, vivemos num dos raros períodos de frio da história da vida na terra e não há nenhuma razão para acreditar que um aquecimento do clima não seria benéfico para os seres humanos e a maioria das outras espécies. Ao contrário, há amplas razões para acreditar que um resfriamento acentuado traria resultados desastrosos para a civilização humana.

 Vindo mais para os dias atuais, é instrutivo estudar o registro da média global de temperatura durante os últimos 130 anos.  O IPCC afirma que os seres humanos são a causa dominante do aquecimento “desde meados do século XX”.  De fato, de 1910 a 1940 houve um aumento na temperatura média global de 0,5º C. Depois disso houve uma “pausa” de 30 anos até 1970. Esta foi seguida por um novo aumento de 0,57ºC, no período de 30 anos que vai de 1970 a 2000. Desde então, não há registro de nenhum aumento, ou talvez uma ligeira diminuição, na temperatura média global. Essa tendência já seria suficiente para negar a validade dos modelos de computador, uma vez que as emissões e concentrações de CO2 nunca pararam de aumentar durante todo esse período.

É importante reconhecer, em face das terríveis previsões sobre um aumento de 2ºC na temperatura global média, que os seres humanos são uma espécie tropical. Evoluímos no Equador, num clima onde as temperaturas geladas não existiam. As únicas razões para que possamos sobreviver aos climas frios atuais são fogo, vestuário e habitação. Pode-se dizer que o frio e o gelo são inimigos da vida, exceto para aquelas relativamente poucas espécies que evoluíram para se adaptar a temperaturas abaixo de zero durante esta idade do gelo do Pleistoceno. É “extremamente provável” que uma temperatura mais quente do que hoje seria muito melhor do que uma mais fria.

 Estou ciente de que meus comentários vão de encontro a grande parte da especulação climática atual.  No entanto, estou confiante de que história me dará razão, tanto em termos da inutilidade de se confiar em modelos de computador para prever o futuro quanto ao fato de que temperaturas mais quentes são melhores do que temperaturas mais frias para a maioria espécies.

Se queremos preservar a biodiversidade, a vida selvagem e o bem-estar humano, devemos simultaneamente nos planejar tanto para aquecimento quanto para o arrefecimento, reconhecendo que um eventual resfriamento seria a mais prejudicial das duas alternativas. Não sabemos se a presente pausa na temperatura permanecerá por algum tempo, ou se as temperaturas vão subir ou descer em algum momento num futuro próximo. O que sabemos com “extrema certeza” é que o clima está sempre mudando e que não somos capazes, com o nosso conhecimento limitado, de predizer o que acontecerá primeiro.

Obrigado pela oportunidade de apresentar meus pontos de vista sobre este importante assunto.

 

 

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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