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A Era “Chapa Branca”: A sociedade está subjugada

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Pedro Vítor*

ImprensaChapaBrancaO Brasil teve parte de sua história recente marcada pela sua luta contra a ditadura militar. A mais relevante parte desta luta é aquela que ocorreu no cenário intelectual. Vimos o domínio dos governantes da época sucumbir aos interesses da maior parte da nação. A grande vitória dos indivíduos contra o domínio estatista não ocorreu na luta armada, onde os contrários ao regime em vigor tinham em mente substituí-lo por um que na melhor das hipóteses seria igualmente opressor. A maior das vitórias ocorreu nos veículos de imprensa, tudo o que pode ser chamado de censura não foi suficiente para conter os tantos clamores. Apesar de tudo, a imprensa da época não se calou, e se deve principalmente a isso, a liberdade que se conseguiu.

Hoje, mais do que nunca, a liberdade que temos é cada vez mais ameaçada. Tomemos como exemplo as reações nulas da imprensa ao decreto bolivariano número 8.243/2014, assinado à surdina, pela senhora Dilma Rousseff. Tal decreto é evidentemente um atentado aos valores da democracia, diminui os poderes do congresso, bem como determina a criação de conselhos populares, dando demasiado poder aqueles que pertencem aos chamados “movimentos sociais”. Trata-se claramente da formação de um governo aos moldes venezuelanos.

O Marco Civil da internet é outra ameaça à liberdade e devemos destacar que não foi apoiado apenas pelos componentes das “bancadas vermelhas”, mas por praticamente todos os políticos, dado o interesse dos mesmos em cercear e dificultar cada vez mais a divulgação livre de informações.  A internet tem sido uma arma contra os governos autoritários ao redor do mundo, um ambiente em que vigora a mais absoluta liberdade de expressão. Com a nova lei, tem-se uma ferramenta rápida com a qual o governo pode praticamente remover o que bem entende, por meio de decreto. Sem contar que regulamenta e sufoca ainda mais as empresas provedoras, e como é praxe no nosso país, o cidadão acará com todas as contas, seja como pagador de impostos e/ou como consumidor final.

Ainda temos que conviver com os mais absurdos tratados diplomáticos, baseado apenas na ideologia do Partido dos Trabalhadores. As várias construções realizadas em países de cunho socialista são um grande exemplo disso. O poder executivo brasileiro, não tem se baseado em nenhum critério racional de mercado. Suas decisões são tomadas na base do autoritarismo, muitas vezes apenas para seguir a agenda de organizações, como o Foro de São Paulo.

A verdade é que nada disso me espanta. Acredito que a maioria das pessoas que lerem este ensaio já, de antemão, estão a par das pretensões autocráticas da gente que hoje nos governa. O que tem deixado a todos estarrecidos é o constante silêncio dos veículos de mídia. Aquilo que outrora foi o maior responsável pela luta em prol da liberdade, hoje permanece silenciado. Em outros tempos, jornalistas em geral não tinham tanta preocupação em agradar a governantes. Lembremo-nos de Carlos Lacerda, homem político, grande crítico, sempre posicionado contra ditadores, sua voz ecoava como um trovão no cenário político da republica. Muitos acreditam que foi responsável pelo fracasso político de nomes conhecidos. Poderíamos perguntar quem é o Carlos Lacerda de hoje, porém creio que esta não é a pergunta certa a se fazer. Lacerda enfrentava muita repressão, porém, esta advinha majoritariamente daqueles que detinham o poder político. O que possibilitava a ele obter apoios de detentores do poder econômico, ou ao menos não ser atacado pelos mesmos. Tendo assim, mesmo que nos períodos mais obscuros, alguma liberdade econômica, ainda que fosse fortemente repreendido pela classe política.

Sou um otimista quanto a isso, acredito sim que existam hoje jornalistas destemidos, que não se vendem, e que estão dispostos muitas vezes até a sacrificar seu bem estar individual, em prol das ideias da liberdade. Porém os obstáculos que estes enfrentam hoje são, sem dúvida, muito maiores, dado o sistema “semi-socialista” em que vivemos. Refiro-me aqui a demasiada concentração de riquezas em bens econômicos no Estado. Nunca antes tivemos que conviver com tanto poder assim na mão de tão poucos. As regulamentações excessivas e impostos abusivos produziram esta anomalia totalmente repulsiva. A união do poder econômico com o poder político, aqueles que outrora detinham apenas o monopólio das leis, hoje possuem também grande parte das riquezas produzidas no país. Portanto é correto afirmar que a imprensa brasileira nunca foi tão controlada e reprimida.

Nem mesmo o cinema nacional escapou da supressão desta elite política, pois existem projetos de dominação que se disfarçam de leis de incentivo. Estes benefícios são distribuídos apenas aos amigos da rainha, visando burlar o mercado, deixando que “sobrevivam” apenas os apoiadores do governo. Sem contar, que o Estado brasileiro é sócio majoritário da maior empresa petrolífera do país e possui participação acionária em outras tantas. Todas são usadas para patrocinar a mais variada gama de produtos artísticos e culturais que propagam a degenerada ideologia do partido político no poder, cujos membros se comportam como verdadeiros donos do país.  Atores, pintores, romancistas, diretores, qualquer artista que não se comprometa com o ideal do atual governo, estará em desvantagem financeira, portanto grande parte destes, por fraqueza, falha de caráter, ou coisa outra qualquer, acha mais fácil se entregar. Deixam-se levar, acreditam que é mais fácil receber estes “incentivos” do que participar de uma concorrência livre, que visa acima de tudo à qualidade, obtida através da meritocracia, não se importando com ideologias. Mais uma vez, devo ressaltar que a conta destes chamados incentivos é paga pelo trabalhador brasileiro, por meio de impostos.

A chamada “blogosfera independente” hoje não é mais independente.  Muitos dos chamados blogueiros escrevem e divulgam apenas conteúdos que agradam ao atual governo, que é o primeiro, em toda a história do país, a exercer domínio até nos meios de comunicação e imprensa mais autónomos, como a blogosfera, via patrocínio prestado através de empresas estatais como Caixa Econômica, que teoricamente nada tem a ganhar com isso. Logicamente, também existe a parte que ainda é totalmente autônoma e não se submete as vontades do governo (não são muitos), porém, estes têm que arcar com altos custos e contentarem-se com uma desvantagem natural ao concorrer com os outros, que recebem mais dinheiro e não tem de se submeter aos riscos e as incertezas do mercado.

Deste Estado controlador advém a criação do movimento “Chapa Branca”, onde não é permitido discordar, de onde saem os mais ridículos e ofensivos comentários sobre toda e qualquer personalidade que não se submete ao autoritarismo do “partidão”, cito como exemplo, a vez em que o então Ministro do Supremo Tribunal Federal, senhor Joaquim Barbosa, foi acusado de traidor, simplesmente por cumprir a sua função representativa.

Todas estas medidas horrendas foram tomadas por motivos simples. Existe um plano de dominação por parte do Partido dos Trabalhadores. Nunca foi segredo pra ninguém que acompanhe as publicações do partido, que a democracia é alvo de ódio dos mesmos, eles não acreditam que as pessoas possam tomar decisões baseadas na sua racionalidade, num simples bom senso. Nutrem uma visão ultrapassada e elitista de que somos todos mentecaptos, que temos que obedecer às vontades deles, que se consideram uma espécie de elite iluminada, que possui todas as virtudes e toda a sabedoria. Acreditam que devem intervir em toda tomada de decisões, categorizando o que é melhor para todos. Não importa o quanto se tape os olhos e os ouvidos, eles jamais nos deixarão em paz, não basta simplesmente ignorar, agir é preciso.

*Estudante e especialista do Instituto Liberal

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Um comentário em “A Era “Chapa Branca”: A sociedade está subjugada

  • Avatar
    06/08/2014 em 9:55 am
    Permalink

    Exatamente. Liberdades cada vez mais restritas. O desolador é quando pessoas do seu convívio aprovam tais políticas, fazendo o papel do sapo que ferve na água e não percebe a temperatura subir.

    Como não gosto de café e nem de futebol, cada dia que passa tenho a certeza que nasci em país errado…

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