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Em defesa da liberação da Maconha

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Em recente entrevista, o presidente Barak Obama afirmou que fumar maconha é menos nocivo do que ingerir álcool.  Defensor da legalização do uso recreativo da erva, Obama acrescentou que a criminalização dessa droga prejudica mais os jovens negros e latinos das classes pobres do que os garotos de classe média, que raramente vão para a prisão pelo seu uso.

Os dois argumentos revelam bastante sobre a ideologia dita progressista do presidente.  Adepto do que se convencionou chamar de Estado-babá, Obama costuma pautar suas opiniões e decisões de acordo com o perigo que determinada atividade possa representar para os cidadãos.  Assim, se a maconha é menos nociva que o tolerado álcool, pode ser liberada.  Já o argumento segundo o qual a legalização irá beneficiar os mais pobres, que costumam ser punidos com mais rigor pela lei opressora, denota sua firme adesão à teoria da luta de classes.

O consumo e comercialização da maconha devem ser liberados, sim, mas não pelos fracos argumentos usados pelo presidente. O primeiro é cientificamente controverso e o segundo, embora verdadeiro, é tosco, uma vez que, no limite, pode ser usado para defender a descriminalização de qualquer atividade ilícita, inclusive os crimes contra a vida e a propriedade.  Afinal, os mais pobres costumam ser punidos com mais rigor por quaisquer crimes e não apenas tráfico e consumo de drogas.

A questão relevante aqui deveria ser: devemos criminalizar atividades que não prejudiquem ninguém, além dos próprios agentes?

Ora, se uma atividade deve ser proibida ou autorizada de acordo com os níveis de risco à vida ou à saúde de seus praticantes, deveríamos aplaudir a proibição de esportes radicais, consumo de açúcares, gorduras, álcool, cigarros e, até mesmo, guiar automóveis.  Se tais atividades são admitidas, malgrado todos os perigos a elas inerentes, é porque consideramos que temos o direito de escolher o nosso próprio caminho, de buscar a própria felicidade de acordo com os nossos valores e avaliações, não os do governo, dos cientistas ou de qualquer outra entidade.

As tentativas sistemáticas de tornar o ser humano virtuoso pela utilização da força do Estado sempre desaguaram em tirania e opressão. Quantos crimes já não se cometeram ao longo da História na pretensão de transformar os homens em seres melhores, isentos de vícios e imunes às más escolhas?

Malgrado a longa história das tiranias ao redor do mundo, os defensores da liberdade sempre enfrentaram um inimigo poderoso: a indefectível comparação entre o mundo real – com todas as suas imperfeições – e o mundinho ideal que povoa os corações e as mentes das pessoas, o que leva a uma fortíssima tendência coletiva de se admitir um sem número de abusos contra as liberdades individuais.

Entretanto, se aceitarmos passivamente que, para o nosso bem, os governos determinem o que podemos ou não ingerir, como reclamar dos bem intencionados que, em nome de idealizações morais e/ou espirituais elevadas, pretendam também restringir ou ditar profissões, crenças, opiniões, roupas, manifestações artísticas e até comportamento sexual?

Publicado originalmente em O GLOBO

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

Um comentário em “Em defesa da liberação da Maconha

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