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A realidade sobre o sistema sueco

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Dias atrás, num grupo de amigos, discuti com um desses “sou liberal, mas” sobre o sistema sueco. Fiquei impressionado com o desconhecimento de algumas pessoas sobra a realidade econômica daquele país e de como a narrativa corrente acaba nublando completamente a realidade.

A visão dos socialistas tupiniquins sobre a Suécia e os demais países escandinavos parece estar paralisada nas décadas de 1960 e 1970, período em que esses países foram realmente pioneiros na criação de uma economia semi-socializada.

De fato, na Suécia, os gastos do governo como porcentagem do produto interno bruto dobraram, de 1960 a 1980, passando de aproximadamente 30% para 60%. Mas, como observa o comentarista sueco Johan Norberg, esse experimento do “socialismo democrático” afundou a economia sueca. Entre 1970 e 1995, ele observa, a Suécia não criou um único emprego líquido novo no setor privado. Em 1991, um primeiro ministro liberal, Carl Bildt, iniciou uma série de reformas para impulsionar a economia. Em meados da década de 2000, a Suécia reduziu em um terço o tamanho de seu governo e emergiu de sua longa crise econômica.

Versões desse problema e das reformas de mercado ocorreram em todo o norte da Europa, criando o que hoje se convencionou chamar de modelo de “flexigurança”, combinando mercados bastante flexíveis com uma rede de segurança forte e generosa. Tal modelo, porém, está muito, mas muito longe de um modelo socialista. Ao contrário, estamos falando de um capitalismo forte e vibrante.

Hoje, a carga tributária na Suécia é de 42,9% do PIB. Na Dinamarca, é de 46,3%, na Noruega, 39,9% e na Finlândia, 42,2%. Enquanto isso, em Pindorama, já estamos com 33,1% do PIB de carga tributária, mas com um gasto público total de 39,2%. Esse número está muito acima dos países em desenvolvimento e é equivalente à média dos países da OCDE (35%). Já a comparação em termos de retorno para a sociedade dos gastos destes países, em segurança, saúde, educação e infraestrutura nem vale a pena entrar em detalhes, para não deixar ninguém deprimido.

Além disso, os países escandinavos são extremamente abertos, sem barreiras ao livre comércio, o que torna as empresas locais extremamente competitivas e a produtividade do trabalho altíssima. Hoje, olhando para o norte da Europa, encontramos muitas políticas inovadoras e favoráveis ao livre mercado, como vouchers educacionais, franquias e co-pagamentos para assistência médica e encargos trabalhistas e regulatórios leves. Nenhum desses países, por exemplo, tem um salário mínimo.

Pouca gente sabe, mas Suécia e Noruega têm mais bilionários per capita do que os Estados Unidos – a Suécia tem quase o dobro. Além disso, esses bilionários são livres para repassar suas riquezas aos herdeiros sem impostos – em Pindorama, o imposto sobre herança é de 8%.

Em outras palavras, trazer o sistema econômico da Suécia (e dos demais escandinavos) para Pindorama significaria adotar um mercado de trabalho bem mais flexível, regulamentações sobre os negócios muito mais leves e um compromisso profundo com o livre comércio, coisas que dificilmente os socialistas e intervencionistas tupiniquins estariam dispostos a admitir.

Não se iludam: quando miram nos países escandinavos, só olham para os impostos e nada mais…

Para quem quiser se aprofundar no tema, recomendo o excelente documentário de Johan Norberg sobre a história econômica da Suécia, que desmistifica completamente a visão tacanha de que existe uma economia socialista naquele país.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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