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A prisão tribal e o efeito Ikea

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Encontros com a fantasia humana e com o negacionismo dos fatos têm sido tão frequentes para mim que realmente tenho desacreditado num futuro mais promissor para o nosso país. Muitos jovens se encontram acometidos da “ideológica gonorreia juvenil”, embora mesmo os mais experientes não consigam se divorciar deste ilusionismo.

Meu curto vocabulário já não dispõe de mais adjetivos a fim de qualificar esse tenebroso momento nacional, de absurda doença psicossocial. Negação, inversão, enganação e corrupção da verdade são os protagonistas dessa tragédia. Existe uma enormidade de síndromes e de efeitos “à la carte” para serem escolhidos por aqui, tais como a Síndrome de Estocolmo e o Efeito IKEA.

É chover no molhado afirmar que o ego é, muitas vezes, o nosso principal inimigo. A nossa parte consciente se desenvolve a partir da nossa interação com a realidade, porém, muitas vezes, os desejos individuais fazem com que a realidade seja transfigurada. Todos desejam e muito terem as suas identidades sociais valorizadas. As redes sociais alavancaram as necessidades e as possibilidades.

O Efeito IKEA anda cada vez mais forte e solto. As pessoas querem criar a si próprias e serem reconhecidas pelas suas competências. Há também o viés cognitivo do senso de propriedade sobre aquilo que é produzido individualmente e/ou por uma filiação tribal. Nesta direção, mesmo que o resultado final dessa produção seja deletério, os sujeitos a defenderão com unhas e dentes afiados. Essa é a ordem do dia!

Desnecessário ser um PhD para compreender essa questão. Não se quer frustrar os desejos avassaladores de nossa personalidade, de nosso eu interior; desse modo, os indivíduos se suportam nessas “experiências de competência”, a fim de melhorarem a visão que possuem de si mesmos. Além disso, não querem de maneira alguma chamuscar o senso de pertencimento tribal aos seus pares, seja por quais afinidades forem.

Adam Smith – sempre ele – já havia enaltecido o importante papel da reputação na vida social. Muitas vezes, quando uma pessoa afirma algo, procura ser coerente quanto àquilo que disse, assumindo um firme compromisso com determinada coisa. Assim, dificilmente a bigorna da realidade alcançará os olhos, as mentes e os corações daqueles que foram atraiçoados por desejos irrealizáveis e falácias.

Dentre os vários sonhos da turma ideológica vermelha, que capturou os movimentos identitários, de grupos raciais e de gênero, por exemplo, evidente que o tratamento preferencial das minorias raciais não conduzirá a um bem social. Não há nada humanitário quando esses favorecimentos são decretados por agentes estatais, motivados por interesses político-ideológicos. Na verdade, ao cabo, isso atua como uma poderosa alavanca por mais discriminação.

Fico me questionando, até porque tenho a resposta de alguns amigos negros e gays, se esses grupos se sentem confortáveis com favores e padrões duplos, ou se genuinamente desejam apenas justiça e liberdade para criarem as oportunidades de acordo com seus próprios esforços, objetivos e planos de vida?

Acho que muitos querem mesmo escapar dessa ideológica tirania grupal. Penso que estamos em um estágio civilizacional de retrocesso. Não é o fim, é mesmo um triste estágio da nossa história civilizacional. Por que há, presentemente, a orgia mental da negação, da inversão, da enganação e da corrupção da verdade? Por que soberbam egos avantajados e comportamentos tribais inflexíveis e refratários a concessões? Por que não há a busca de confiança e coesão social, que encaminharia ao verdadeiro bem comum?

Uma das respostas é trivial. Quanto aos jovens, a narrativa e ação devastadora é o motor – furado – da promoção da autodescoberta, não da construção de caráter. Eles não largam a tal opressão…
Já no que se refere aos adultos e aos velhos, muitos marxistas de carteirinha, esses não conseguem evoluir. Dedicaram suas vidas inteiras à ideologia do fracasso, comprometeram-se com o engodo, por isso não abdicam do sonho irrealizável, mesmo que saibam que o seu resultado – conforme o pragmatismo da realidade – seja devastador para todos.

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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