A inteligência artificial tomará o lugar dos líderes?
As revoluções tecnológicas estão cada vez mais intensas e constantes, tornando quase impossível absorver todos os benefícios e adaptar-se a nova realidade proporcionada por essas ideias. Além do absurdo impacto nas profissões, os atuais gestores têm sofrido com as mudanças nos perfis das novas gerações e os que não estão se adaptando, estão sendo expelidos do mercado, mesmo com toda bagagem, capital intelectual ou até mesmo capital material referente ao negócio que detém mas por quê?
A pergunta pode ser respondida de maneira simples: as tecnologias facilitaram os trabalhos e eliminaram tantas outras atividades, o volume de informações disponíveis aumentou e é exponencial o crescimento de dados disponíveis todos os dias, o que tornou a força de trabalho atual impaciente, ansiosa, necessitada de vivenciar novidades a todos os momentos, senso de pertencimento, desafios, segurança emocional, ambiente saudável e que respeite as diferenças e tantas outras necessidades humanas, muito aquém do velho e famoso dinheiro, o qual continua sendo necessário, mas deve ser acompanhado de todos esses outros itens.
O grande Simon Sinek apresenta isso em sua obras “Comece pelo porquê” e fica evidente que se não houver propósito, não haverá caminho sustentável para ninguém. E onde entra o gestor nisso? O gestor precisa ser o criativo, detentor de ideias, coach, mentor e o mais habilidoso nas soft skills, pois a deficiência técnica (a qual pode ser adquirida com o tempo) é muito menos prejudicial para a equipe desses tempos pós-modernos do que qualquer outra skill de inovação e disruptiva.
A ideia principal não é anular todo o aprendizado, ignorar o negócio para tornar-se um “pai” ou psicólogo, mas agregar habilidades essenciais para conseguir lidar com a nova geração que, nas palavras do grande Elon Musk, está caminhando para se tornar verdadeiros ciborgues, com homens e máquinas sendo algo único e você, gestor, é o que fará o caminho da descoberta ser menos doloroso e, consequentemente, mais proveitoso, pois o individuo trabalhado de forma individual e com liberdade para agir, pensar e criar, é o que todo empreendimento perene anseia e necessita.
Entretanto, para criar um ambiente nesse nível é necessária uma mudança cultural na empresa para que seja propícia e aderente as mudanças do mercado, desde que esteja alinhada ao negócio, pois mudanças sempre ocorrem, mas isso não significa que todas devem ser incorporadas ao negócio. As mudanças bruscas, repentinas e que modificam a cultura da empresa devem ser muito bem pensadas, pois podem ser fórmula para o fracasso.
Em sua obra “Como as gigantes caem”, Jim Collins ressalta exatamente esse ponto e como as ações desenfreadas de mudança ou “inovação” levam uma empresa de sucesso á falência. Não é trair os valores e o propósito que tornaram o negócio sólido, próspero e de sucesso, mas é evoluir de forma sustentável conforme o ambiente externo torna-se cada vez mais veloz em se modificar.
Isso demonstra que há tempo para as mudanças, pois a velocidade varia de acordo com o negócio, clientes, mercado, economia, política e tantas outras variáveis, mas o líder é peça-chave para a promoção das mudanças e continuidade do negócio. Sendo assim, o líder não será substituído, salvo por outro individuo que entendeu o novo cenário e se adaptou, verdadeiramente evoluiu, pois toda mudança inicia numa ideia e toda ideia perdura através de um indivíduo.
*Raphael Ribeiro – Associado I do Instituto Líderes do Amanhã.