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E agora? À luta, unidos!

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anti-ptPensei muito no que escrever no primeiro artigo imediatamente posterior ao resultado nas urnas no domingo, 26 de outubro, decretando a reeleição da presidente petista Dilma Rousseff, em que, no dizer do liberal peruano Mario Vargas Llosa, o Brasil cometeu seu maior crime na história como nação.

Não, não podarei as palavras para me referir a isso, como Llosa não podou. Manter Dilma no poder significou ratificar um projeto totalitário, negligenciar os inúmeros assaltos à nação – sob a forma do mensalão, do “petrolão” e tudo o mais -, a campanha de ódio e distorções violentas – desprezando normas eleitorais e fazendo uso de notória manipulação de instituições aparelhadas; significou, enfim, premiar a falsidade e a incompetência.

São muitas as explicações para esse fracasso nacional. Nada aventarei sobre fraudes nas urnas, que não me cabe, nada tenho de concreto. Muitos votos se inserem, em boa medida, no contexto da instrumentalização da miséria, dentro da estratégia sórdida de terrorismo e geração de dependência típica do PT. Seriam, em sua maioria, a princípio, inocentes, vítimas dos parcos acessos à educação e formação de qualidade, desprovidos das ferramentas para compreender o quanto são peças em um mecanismo engenhoso de manutenção de poder. Outros advêm de camadas sociais com formação, mas (ou talvez por isso mesmo) iludidas pela suposta racionalidade da esquerda, ludibriadas pelas mentiras vomitadas pelos marqueteiros vermelhos e crentes de estarem prestando um grande serviço ao país ao evitar o retorno triunfal do “neoliberalismo-capitalista-selvagem-amante-da-ditadura” do Partido da Social Democracia Brasileira.  Há, finalmente, os votos daqueles que são diretamente beneficiados pelos “companheiros do partido”. Pode ser que haja alguma esperança de mudar a mentalidade dos dois primeiros grupos. Quanto ao último, há uma barreira ética quase intransponível ao esforço alheio.

Mais uma vez, também as abstenções ajudaram a solidificar o resultado. Aqui, formulo uma crítica pessoal a todos aqueles do nosso lado, puristas ideológicos, que se recusaram a votar porque não legitimam sequer a existência do Estado, ou consideram a social democracia estatista demais para merecer seu apoio pragmático. Respeitamos os anarco-liberais, respeitamos todas as opiniões dos confrades; mas existe uma situação concreta, e defendo que precisamos tomar a nossa parte nela e assumir nossa responsabilidade. Aqueles que não o fizeram contribuíram, sim, mesmo que não o admitam, para engrossar mais um triunfo da estrela vermelha.

Outro fator a ser notado, e esse é o que mais nos importa aqui, está nas fraquezas da campanha oposicionista. Sim, Aécio Neves foi o melhor candidato tucano nas últimas eleições, conseguiu construir uma coalização de forças democráticas, representar a esperança de várias correntes na derrota do petismo. Social democratas, conservadores, liberais e também cidadãos decentes e conscientes, sem compromisso com correntes específicas, se aglutinaram em torno dessa esperança. Lamentavelmente, o tom forte e incisivo, que deveria ter sido, cremos hoje, a tônica de toda a campanha, foi empregado, ainda assim com restrições, apenas nos últimos debates de cada turno.

O lado positivo de 2014 para nós também já foi exaustivamente destacado. A Câmara mais “conservadora” em muito tempo – isto é, com mais militares, religiosos e antipetistas – foi eleita. Temos representantes políticos afinados com essas pautas, sejam liberais ou conservadores. Temos um movimento cultural e uma produção editorial em ascensão. Mostramos que estamos aqui. Ao menos 48 % da população brasileira estão conosco na convicção de que esse governo precisa cair para que tenhamos garantias de respeito às nossas liberdades. Não podemos decepcioná-los, não podemos aceitar a derrota.

A definição do lado negativo: com seu triunfo, Dilma e o PT partirão para a defesa do plebiscito a favor de uma assembleia constituinte pela reforma política, que dará a eles poderes quase totais de definir os rumos da pátria. Além disso, a presidente poderá indicar mais ministros do STF, colocando em risco ainda maior a nossa já baqueada normalidade democrática.

A pergunta é: o que fazer agora? O que a oposição, o que os defensores da liberdade, conscientes da calamidade que vivemos, devemos fazer? Em primeiro lugar, entender a importância exata das diferenças que nos separam diante do inimigo ainda mais poderoso. Temos, por exemplo, um Onyx Lorenzoni, um Ronaldo Caiado e até um Jair Bolsonaro na política. Você acha que um deles não é suficientemente conservador, ou suficientemente liberal, para o seu gosto? Que importa isso agora? Entendamos: todos que quiserem enfrentar essa legenda criminosa que controla o Brasil hoje devem ser bem-vindos à luta. Aqueles de nós que vislumbram com clareza o que está acontecendo em nosso país precisam coordenar sistematicamente suas ações, precisam se unir para atacar o governo e denunciar todos os seus arbítrios e insanidades. Precisam investigar as contas públicas, endurecer o tom o máximo possível. Precisam fazer com muito mais ênfase o que, com alguma descoordenação, fizeram até agora. Não podemos aceitar quietos, e não podemos agir divididos. Precisamos haurir forças da frustração e ir à luta! Estudantes, jornalistas, institutos, órgãos de difusão de ideias, partidos políticos, representantes políticos, todos precisamos construir uma coesão. Compreendo quem valoriza a divisão pelas diferenças, posto que não somos exatamente os mesmos e seríamos adversários, muitos de nós, em uma democracia avançada e civilizada; mas o oponente adquiriu tamanho poder que julgo ser extremamente necessária a articulação mais plena e sólida de todos nós. É por isso que começo essa nova etapa fazendo esse apelo.

A presidente assumiu falando em “união nacional” para a construção de seu governo. Por mais forte que isso possa parecer, digo: precisamos responder com um sonoro NÃO! Não há união possível com o PT. Sabemos o que eles realmente querem para a nação, conhecemos seus métodos e propósitos. Unir-se ao PT é abdicar de todos os princípios morais que nos devem reger, é abrir mão de toda a expectativa depositada pelo antipetismo de todos os brasileiros que votaram em Aécio Neves.  A união, meus amigos, tem de ser ENTRE NÓS. Precisamos tomar para nós a aura de conciliação que o candidato tucano representou durante a fase derradeira da corrida eleitoral e seguir com ela para a batalha.

Se o Brasil está dividido com excesso de hostilidade, a culpa é do PT, e não nossa. Cabe-nos assumir a responsabilidade do confronto, muito bem pensado estrategicamente, antes que nossos esforços se tornem inúteis. Não o são agora. Levemos adiante a onda da razão!

Uma observação em acréscimo: é fundamental continuar de olho no doleiro Youssef e na CPI da Petrobras. São o que há de mais concreto no momento, na luta a ser travada. Atentemos para o que se descobrir, façamos pressão, fiquemos de olho. E não abdiquemos da batalha.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

3 comentários em “E agora? À luta, unidos!

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    01/11/2014 em 9:48 am
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    Não é que não quisessem fazer oposição ao lulopetismo, mas pelo fato de estarem recebendo propinas do lulopetismo ou contando com a “vista grossa” deste. Fora isso, o PT e até seus compadres vêm há décadas montando históricos das canalhices praticadas no Estado. Eles estão nas estatais e em todas as repartições e orgãos captando as canalhices de possiveis opositores e aliados.

    O Poder é um projeto de longo prazo, precisa de bases sólidas para se sustentar. Caso contrário seria um plano para uma existência frágil e não duradoura.

    Ora, numa emergência o PT poderia até levantar a questão de quando Tancredo foi primeiro ministro; os conchavos com Doutel de Andrade, os resseguros, o Loyd…. …pronto! mais um mito viria abaixo.

    Não houve oposição simplesmente porque TODOS são sujos o bastante para não encarar um PT e seus cumpadres.
    Talvez agora tenham alguma munição guardada para negociar denúncias com o PT. Podem fazer alguma oposição dado o que se tem contra os petistas. Há muitos casos esquecidos e outros tantos ainda não expostos. Ou seja, há agora um certo equilibrio de forças entre os podres.
    Por qual razão Gilmar Mendes não permitiu a quebra de sigilo bancário do Okamoto (cumpadre de Lula e pres. do Sebrae) quando de denúncias que tal comprovaria corrupção e poria abaixo o símbolo Lula?? …Gilmar não era “oposição”?
    Absurdo ver um membro do stf, Rosa Weber, lamentar-se por votar contra J. Dirceu, cretino isso: a ministra se desculpar com o reu e elogia-lo. Claro que a madame logo se redimiu na primeira oportunidade e nos embargos votou a favor, já que sabia que contaria, então, com apoio majoritário com a indicação de mais um amigo.

    É estupidez e delírio se crer que possa haver algo minimamente limpo no exercicio do Poder.

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    30/10/2014 em 6:22 pm
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    Excelente artigo do Lucas Berlanza. Concordo com tudo que foi dito e aceito seu “grito de guerra” no sentido de unir todos os anti-petistas. Só não sei como fazê-lo, não sendo diretamente envolvida com política. Qualquer sugestão de como devemos agir, será bem vinda! Apenas ficarmos atentos, a meu ver, não basta. Se fôssemos franceses, optaríamos por “manifs” a toda hora e a toda falcatrua do governo, mas como não somos e como nosso direito de voto só poderemos exercer novamente daqui a 4 anos, realmente não sei o que fazer…

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    30/10/2014 em 11:43 am
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    É isso mesmo! Essas eleições tiveram um lado bom: serviu como um despertar para a oposição. É simplesmente vexatória o modo como a oposição se deu nesses anos de lulopetismo até agora. Exerciam o nobre papel de oposicionistas quase que com uma vergonha, como se pedissem desculpas. Está na hora de aprender como se faz oposição de verdade com o Partido Republicano. Com firmeza e hombridade, olhando no olho; e de quando em quando com sangue nos olhos como fez o Senador Aloysio Nunes essa semana. Acabou a brincadeira!

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