Dirceu e a corrupção
ARTHUR CHAGAS DINIZ*
Estava demorando a aparecer na WikiLeaks alguma correspondência da embaixada americana sobre as estripulias da turma do PT no primeiro mandato Lulla. Como é do conhecimento geral, o ministro-chefe da Casa Civil, à época, que teve seu mandato como deputado federal cassado e foi substituído na chefia da Casa Civil apesar do silêncio obsequioso, tinha alguns reparos a fazer em relação ao que o destino lhe reservou: um papel nas sombras.
O que me chama particularmente a atenção é o desprezo com que alguns políticos tratam o Caixa-2. O Caixa-2 é, nas melhor das hipóteses, evasão fiscal; na pior, corrupção. Veja bem, o leitor: Lulla diz que a compra de votos de deputados no primeiro mandato foi caixa-2. De quem? Do BMG e do Banco Real? E o que receberam estes dois bancos, especialmente o primeiro? Liberação para débitos de empréstimos em consignação para funcionários públicos? E quem negociou? E o negociador, sendo parte do Governo, recebeu alguma espécie de pagamento? Como esta comissão foi paga, já que o agente do Governo não poderia receber nenhuma Comissão por dentro? E as empreitadas e compras governamentais superfaturadas? Não são caixa-2?
Enfim, a explicação que tanto Lulla quanto Dirceu (na (WikiLeaks) deram para o Mensalão não são crimes? Vamos parar de explicar o inexplicável, fingindo que caixa-2 não é crime. Ao final das revelações da WikiLeaks sobre Dirceu na correspondência de Danilovich com o Departamento de Estado resta a deplorável evidência de que todas as campanhas políticas são bancadas com caixa-2. Enfim, é tudo corrupção.
*PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL
Fonte da imagem: Wikipédia