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Como Eike Batista conseguiu enganar tantos por tanto tempo

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JOÃO LUIZ MAUAD*

As empresas de Eike Batista continuam nas manchetes dos principais jornais do país.  Suas ações e seu patrimônio estão virando pó numa velocidade estonteante.  A petroleira OGX entrou com pedido de recuperação judicial na última quarta feira e o estaleiro OSX deve fazer o mesmo hoje.  As dívidas do grupo estão na casa das dezenas de bilhões de reais, o que nos faz prever que muita gente vai sair “chupando dedo”.

Em editorial, o Globo de hoje relembra um pouco a trajetória do empresário:

O idealizador das “empresas x” pôde captar volumosos recursos privados, internos e externos, por meio do lançamento de ações e bônus. Caso da OGX, cotada ontem a R$ 0,13 ao ser retirada do índice da Bolsa (Ibovespa), 99% abaixo do pico de mais de R$23, em outubro de 2010, quando investidores acreditavam nas estimativas de Eike de grandes reservas de petróleo nas áreas em perfuração pela empresa, hoje candidata à recuperação judicial.

O que é estarrecedor nessa estória foi a facilidade com que Eike Batista, um empresário medíocre, que administra os negócios com um olho nos lucros e outro nos astros, conseguiu enganar tanta gente (aqui e lá fora) durante tanto tempo, a ponto de ter-se tornado, há apenas poucos anos, o sétimo homem mais rico do planeta – com pretensões de chegar ao primeiro lugar.

É claro que um pouco disso pode ser creditado ao ímpeto empreendedor e à inegável virtude de marqueteiro de Eike.  (Quem não se lembra, por exemplo, das gordas doações daquele empresário para programas sociais – “Criança Esperança”, ONG da Madona, Hospital do Coração Infantil, entre outros -, que lhe garantiam generosa publicidade na mídia, além de uma extremada simpatia dos jornalistas e outros opinantes?)

Mas a principal “virtude” de Eike, capaz de engabelar milhões investidores mundo afora, foi mesmo a sua proximidade com o governo petista.  Além de amplo acesso a financiamentos e contratos públicos  – Caixa, BNDES, Petrobras e Banco do Brasil estão listados entre os principais credores do grupo -, Eike estava sempre na companhia de algum governante poderoso, notadamente o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu, com os quais tinha grandes afinidades.  Foi Lula, por exemplo, quem o convenceu de que produzir “tudo” no Brasil, importando o mínimo possível, a exemplo do que faz a Petrobras, seria vantajoso não só para o país como para as empresas do grupo. Pelo visto, não era.

No final das contas, para o governo, os prejuízos causados por decisões equivocadas são “contabilizados” como meros acidentes, como disse hoje o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.  Para os investidores, entretanto, pelo menos para aqueles que foram “na onda” do governo, esses prejuízos podem representar a poupança de uma vida inteira. A eterna compulsão dos governos por intrometer-se onde não deveria gera efeitos nocivos não apenas para os pagadores de impostos, mas também para poupadores e investidores.

Benjamin Constant já dizia, há mais de duzentos anos, que os erros dos agentes públicos possuem uma capacidade quase ilimitada de produzir danos, cujos efeitos se espalham sobre uma gama extraordinária de pessoas.  Lula, porém, deve achar que a sabedoria de Constant não é nada se comparada à sua.

*ADMINSITRADOR DE EMPRESAS E DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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