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Carta Capital e o bom jornalismo!

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Wagner Vargas *

Alguém, ainda, tem dúvidas que Carta Capital é, simplesmente, um lixo? Ou acha que esta revista faz jornalismo sério, depois desta semana?

Para quem acha que estou exagerando, pegando pesado ou bravo porque a linha editorial da revista é pró-PT, melhor parar de ler por aqui, pois vai se chatear ao perceber que a minha afirmação não é motivada por esses motivos. Quando digo lixo, não é como adjetivo, mas como substantivo mesmo, pois sequer existem resquícios de jornalismo nela.

Tudo isso não é novidade, sempre esteve aí, mas, como jornalista— apesar de não ser experiente— preciso contribuir para o tema, já que muitos profissionais, essencialmente na academia, enchem a boca para elogiar a revista, fingindo ou acreditando analisar questões técnicas, quando, na verdade, elas são ignoradas em detrimento da própria ideologia.

Antes de saber a existência deste ótimo texto do Rodrigo em Veja (http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/liberdade-de-imprensa/carta-capital-uma-revista-que-exala-isencao/), eu já havia feito meu exercício estomacal da semana comprando o veículo de Mino Carta para ouvir, novamente, o outro lado sobre o caso do “Mensalão”.

Eis que, enquanto todas as outras publicações buscaram retratar o “Mensalão”, de acordo com suas respectivas linhas editoriais, dando ao tema devido destaque, como matéria de capa, inclusive, Carta Capital achou mais relevante destacar a tradução de uma matéria da The Economist sobre animais em extinção, causada pela ação do homem e cedeu meia página para o “Mensalão” (das 90 páginas, contando as propagandas).

Discutir a responsabilidade do ser humano sobre uma possível extinção animal em massa também é muito importante, mas, convenhamos, será que meia página é suficiente para explicar, contextualizar e informar o leitor, sobre as prisões dos arquitetos do “Mensalão”, da maneira que como pede o bom jornalismo?

Até quem nada entende do como se faz jornalismo ou notícias consegue compreender o que seria mais relevante como matéria principalmente neste caso, até porque, a matéria sobre os animais é uma pauta “fria” e não faria diferença alguma se fosse publicada em outra semana. As notícias são assim, surgem e cabe ao jornalista adaptar-se a dinâmica delas e não o contrário.

Segundo o veículo “baluarte da ética jornalística”, de Mino Carta, idolatrado nas academias:

O Supremo Tribunal Federal abriu a possibilidade de ordenar a prisão dos condenados no chamado “mensalão” antes mesmo de todos os recursos serem julgados

Isso é informar? Ou a ideia era confundir e gerar a imagem de injustiçados?

Sem explicar que a ordem de prisão veio apenas para os crimes que não cabem mais recurso, tanto que, por ora, os queridinhos Dirceu e Genoino serão mantidos em regime semi-aberto, pois outros crimes, que os obrigariam a seguir para o regime fechado, ainda estão sob análise de recursos que, possivelmente, serão julgados no ano que vem e olhe lá. Ademais, Genoino, mesmo condenado, continua sendo Deputado Federal. Esses pontos Mino e seus amigos “se esqueceram” de citar na última edição da revista, ao falarem da prisão dos condenados, que tiveram acesso a recursos e aos melhores advogados do país.

Será que a intenção era informar? Ou será que a intenção da revista— chefiada por amigos e militantes do partido que mais está sendo prejudicado com o caso— era, justamente, a de deixar de informar ou de abafar o caso? Isso, por acaso, tem a ver com os polpudos anúncios do Governo Federal nos principais espaços publicitários da revista? Até Istoé, que tem diretores que veem o PT com bons olhos, agiu diferente.

Da mesma forma, Carta Capital fez vista grossa para a forma que Dirceu fez para financiar a campanha primeiro mandato de Lula, pois o partido não tinha caixa para isto ou para o fato de Pizzolato ter sido um dos principais arrecadadores de verba para a campanha e, por isso, foi nomeado para cuidar da verba de marketing do Banco do Brasil— aonde começou e ganhou força o Valérioduto. Aposto que, se já não endossaram, vão apoiar o filme de um global, membro da Esquerda Caviar, que estima usar 7 milhões de reais da Ancine para fazer um filme que defenderá “mensaleiros”

“Não tem roteiro, argumento, nada. Foi só para tornar público que existe um filme sendo preparado sobre o assunto” Disse o cidadão ao Zerohora (http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/politica/noticia/2013/09/jose-de-abreu-anuncia-filme-sobre-mensalao-4264156.html)

Linha editorial

Não há nenhum problema no fato da revista ter uma posição política favorável ao PT, afinal, ela é uma propriedade privada e tem liberdade para seguir a linha editorial que bem entender.

Antes que falem de imparcialidade, vale ressaltar que imparcialidade só existe na cabeça dos alunos do primeiro semestre de Jornalismo ou para as pessoas que nunca tiveram, de fato, algum contato com a imprensa sem refletir sobre isso. Posto que, todo mundo, ao contar um fato, mesmo sem querer, por mais isento que seja, vai se valer de suas visões de mundo, de suas vivências, experiências, logo, contará “a sua visão” daquilo, daí a possibilidade de opiniões opostas de um mesmo fato, sem necessariamente, haver mal “caratismo” em um dos lados.

Porém, quando se aceita que a verdade perca para ideologia, o nome disto não é linha editorial ou opinião e sim pilantragem, falta de senso crítico, burrice, ignorância, coisas que passam longe do bom jornalismo. Mentir, omitir ou distorcer os fatos, não tem nada a ver com “defender ideais” e sim com cegueira crônica ou cara de pau mesmo e isso vale para outras matérias desta edição da revista como a que não fala informações relevantes sobre o gás de xisto; não cita as intenções do governo de chinês de implantar novas Zonas de Livre comércio, dizendo que o país ainda tem uma economia socialista; ou, ainda, afirmar que o assalto que Maduro fez a empresários, após ter antecipado o natal na Venezuela foi por conta de a “empresa Daka ter excedido os limites na margem de lucro”— quando na verdade, esse cidadão quer limitar os lucros em 30%.

Ora, que é, então, o bom jornalismo?

O jornalista Eugênio Bucci sintetiza isto muito bem em “Sobre Ética e Imprensa”:

1] “ele [o bom jornalismo] consiste em publicar o que outros querem esconder, mas que o cidadão tem o direito de saber. Isto é notícia”.

2] “falar em jornalismo é falar em vigilância do poder, e , ao mesmo tempo, em prestação de informações relevantes para o público, segundo as necessidades do público (não do governo)” 

Sobre esconder e “omitir algo”, aludi exemplos acima. Já a segunda frase, especialmente, no que diz respeito ao “prestar informações segundo as necessidades do público, não do governo” está para Carta Capital da mesma forma que o PCC está para o ato lícito.

* JORNALISTA

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