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Caos, exagero e alarmismo

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ADOLFO SACHSIDA*

Nós dissemos que 2015 seria um caos, Mas quando dissemos isso fomos chamados de exagerados e alarmistas. Hoje a grande maioria dos analistas econômicos gosta de tirar onda dizendo que era óbvio que 2015 seria um ano de ajustes drásticos, mas isso é uma grande mentira! Vamos colocar as coisas nos devidos lugares.

Ao voltarmos no tempo podemos ver vários artigos meus, do Selva Brasilis, do Instituto Liberal, do Rodrigo Constantino, e de alguns outros autores criticando duramente a política econômica do final do governo Lula e começo do governo Dilma. Na época nos chamaram de alarmistas e exagerados, diziam que estávamos errados e que falávamos besteira. Abaixo coloco algumas das questões que foram antecipadas pelo meu blog.

Durante uma seção de conjuntura econômica da ANPEC, em dezembro de 2009, eu disse que a inflação seria um problema para 2010. Os apresentadores da seção discordaram de mim. A única pessoa presente na seção que concordou comigo foi o pesquisador do IPEA Mario Jorge Cardoso de Mendonça. Em 2010 o IPCA acumulou alta de 5,9% (mostrando que minha preocupação estava correta).

Em 14 de março de 2010 eu alertava para o problema das contas públicas e sua pressão inflacionária. Em 5 de maio de 2010 eu fui certamente um dos primeiros, para não dizer o primeiro, a alertar que o superávit primário havia virado peça de ficção científica. Hoje todos concordam com isso, mas na época fui taxado de exagerado e alarmista. No dia 27 de maio de 2010 eu, junto com alguns colegas, notamos o pouco comprometimento dos candidatos presidências com o tripé econômico. Então escrevemos uma carta pedindo pela manutenção dessas políticas econômicas. No dia 27 de dezembro de 2010 eu já alertava que era importante manter o regime de metas de inflação, e mostrava que o governo estava planejando expandir o horizonte da meta.

No começo de 2011 tive uma reunião com o deputado Efraim Filho (DEM-PB) onde alertei que, ao contrário do alardeado pelos especialistas, o ano de 2011 teria um crescimento do PIB baixo e uma inflação alta (que foi exatamente o que ocorreu). Ainda nesse ano comecei a alertar que o governo estava usando a inflação para realizar o ajuste fiscal. No dia 22 de fevereiro de 2011 eu já escrevia que o governo usaria a inflação para ajustar as contas públicas.

Em 09 de julho de 2012 eu em conjunto com o professor Roberto Ellery Jr e o pesquisador Mario Jorge Cardoso de Mendonça fomos os primeiros a alertar sobre as similaridades entre o modelo econômico do governo Dilma e do governo militar. Numa série de entrevistas com especialistas eu perguntava “A Década de 1970 está de volta?”. Novamente não faltaram os que disseram que éramos alarmistas e exagerados. Novamente fui um dos primeiros, junto com o Cristiano Costa, a alertar que o governo estava usando de desonerações tributárias como arma de combate a inflação. Algo simplesmente absurdo do ponto de vista econômico. Na época muitos se recusaram a aceitar esse fato, que hoje é aceito de maneira corriqueira (o que é outro absurdo, pois política tributária não serve para combater inflação).

Em 08 de julho de 2012 eu já deixava claro que haveria um tremendo ajuste de contas em 2015. Em agosto de 2012, novamente junto com Mario Jorge Cardoso de Mendonça, publiquei um texto técnico alertando sobre a bolha imobiliária.

Então meus amigos, vamos deixar uma coisa clara: o que determinados especialistas dizem hoje, eu já alerto há mais de 3 anos. Só que na época boa parte desses mesmos especialistas me chamavam de alarmista e exagerado. Para encerrar, eu em conjunto com o pesquisador Mario Jorge Cardoso de Mendonça e o professor Roberto Ellery temos alertado sobre os problemas referentes a 2015 há um bom tempo. Mesmo que o PIB de 2013 e de 2014 não sejam tão ruins, isso não muda nossa análise: 2015 é que será o ano do ajuste.

Há 3 meses atrás nós sofremos quase que um bullying na internet. Há 3 meses atrás o governo anunciava um bom crescimento do PIB, e choveram críticas a nós três. Disseram que isso era a prova de que estávamos errados e éramos alarmistas. Nós demos, e continuamos a dar, sempre a mesma resposta: pouco importa a variação trimestral ou anual do PIB em 2013 e 2014, isso não muda nossa análise: 2015 será o ano do ajuste. Nossa análise não se baseia em conjuntura econômica, nossa análise é estrutural. Aliás, algo que eu já tinha dito em 11 de junho de 2012.

*ECONOMISTA E ANALISTA DO IPEA

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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