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Brasileiros Enfeitiçados Pelo Dirigismo Estatal

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Na entrevista com o economista Paulo Guedes, ontem, a primeira pergunta da jornalista Mirian Leitão foi: O senhor pretende privatizar até mesmo a Petrobras? O tom da pergunta trazia um que de espanto e incredulidade. “Como alguém pode pensar em vender a Petrobras?”

A pergunta faz sentido.  Numa pesquisa do Datafolha, de maio, mais da metade dos entrevistados (55%) se disseram contra a privatização e somente 30% a favor.  Desses, apenas metade concordaria em vendê-la para capitais estrangeiros.

Como já escrevi aqui mesmo neste espaço, no Brasil, o governo assume uma série de encargos e tarefas que não lhe dizem respeito. Ele é banqueiro, petroleiro, administrador de portos, aeroportos, produtor de televisão, dono de restaurantes, farmácias, empresas de ônibus e de seguros. Também é grande proprietário de imóveis, mecenas e produtor cultural. O fato é que esse polvo gigante estende seus tentáculos sobre inúmeras atividades que deveriam estar entregues à iniciativa privada.

Enquanto isso, no exercício das suas funções substantivas, naquilo que é a própria razão de ser de qualquer governo, ele é omisso ou ineficiente. Não consegue dar à população um mínimo de segurança. A justiça é lenta, cara e imprevisível. As Forças Armadas encontram-se virtualmente sucateadas. Nossas fronteiras são um perfeito queijo suíço, por onde entram armas, drogas e todo tipo de contrabando.  Sistema viário, infra-estrutura e logística são caquéticos. Educação e saúde, então, é melhor nem falar. Uma lástima!

Apesar disso tudo, da comprovada incompetência, dos desmandos e dos ultrajantes níveis de corrupção em todas as esferas da administração pública, boa parte da população brasileira, a exemplo das vítimas do famoso seqüestro de Estocolmo, encontra-se ainda enfeitiçada pelo seu algoz e acredita que ele tem a solução para todas as suas incontáveis mazelas. Vivemos em meio a uma gente incapaz de enxergar que o governo, longe de ser a solução, é o principal problema.

De modo inverso, o sentimento da maioria em relação à iniciativa privada é o pior possível. O sucesso empresarial por aqui é visto, exclusivamente, como resultado da ganância, quando não do roubo. Essa percepção deriva da falta de conhecimentos básicos, como a de que o lucro de hoje é o investimento de amanhã; que esse investimento é a garantia da geração de empregos e do aumento da produtividade no futuro; que a produtividade, por sua vez, resultará em aumento da renda dos trabalhadores.

A paixão cega pelo Estado provedor não deixa que suas vítimas enxerguem coisas simples e corriqueiras, como a infinita superioridade dos produtos e serviços oferecidos pela iniciativa privada, quando comparados aos seus congêneres públicos – por exemplo: hospitais, escolas, estradas.  Além disso, não percebem que, diferentemente do preço que pagamos às empresas, quase sempre vinculado a transações voluntárias e vantajosas para ambas as partes, os governos nos cobram tributos independentemente da nossa vontade e, muito pior, na maioria das vezes sem que nos dêem qualquer contrapartida.

Pagamos ao Estado perto de 35% da renda nacional e o que ele nos dá em troca? Segurança? Saúde? Aposentadoria decente? Educação para os nossos filhos? Boas estradas?

Nada! No máximo algumas belas promessas. A maior parte do dinheiro que transferimos para o erário é utilizado para financiar os gastos de uma burocracia parasitária e repleta de privilégios, o custeio de uma máquina onde impera o desperdício e o pagamento de juros sobre dívidas que as gerações passadas de políticos legaram aos contribuintes do presente e do futuro.  Resumindo: estamos diante do mais perverso e pavoroso dos monstros que qualquer autor de ficção poderia imaginar.

No entanto, apesar dessas verdades, um tanto óbvias até, os adeptos do dirigismo e da obesidade estatal sugerem que alimentar e engordar o leviatã ainda é o melhor que temos a fazer, já que os seus excrementos (também chamados de gastos públicos), se bem planejados, por meia-dúzia de políticos “altruístas” e seus sábios acólitos, poderiam ser positivos para a economia – infelizmente, sempre haverá homens prepotentes e presunçosos o bastante para arrogar a si o privilégio de saber qual o melhor emprego para o dinheiro dos outros.

E assim os brasileiros seguem depositando nesse autêntico carrasco todas as esperanças e anseios, enquanto menosprezam e afrontam aqueles que arriscam o próprio capital para satisfazer as suas necessidades de trabalho e consumo.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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